Salmo 69 - Oração do Justo Aflito a Deus

[Nova versão Internacional] O Salmo 69 pertence ao Livro II do Livro dos Salmos. O Salmista pede castigo para quem o persegue e a proteção de Deus contra os inimigos que o prejudicam devido ao seu amor a Deus.

O Salmo 69 pertence ao Livro II do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro II engloba os Salmos 42 a 72. O Salmo 69 está dividido em 37 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida. 

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 69 - Oração do Justo Aflito

1 Ao diretor. Pela melodia "Os lírios". De David.

2 Salva-me, ó Deus,|
porque as águas me chegam até ao pescoço.

3 Estou a afundar-me num lamaçal profundo,
não tenho ponto de apoio.

Entrei em águas profundas,
e a corrente arrasta-me.

4 Estou esgotado de tanto gritar,
e a minha garganta está rouca;

consomem-se já os meus olhos
de tanto esperar o meu Deus.

5 São mais que os cabelos da minha cabeça
aqueles que injustamente me odeiam.

São poderosos os que me querem destruir,
os inimigos que mentem contra mim.

Terei eu então de restituir
aquilo que não roubei?

6 Ó Deus, Tu conheces a minha insensatez,
e as minhas faltas não te são ocultas.

7 Não sejam confundidos por minha causa
os que esperam em ti, Senhor, Senhor dos exércitos.

Que não fiquem envergonhados por minha causa
aqueles que te procuram, ó Deus de Israel.

8 Por causa de ti, tenho suportado insultos,
o meu rosto cobriu-se de vergonha.

9 Tornei-me estranho para os meus irmãos,
um estrangeiro para os filhos da minha mãe.

10 Pois a paixão pela tua casa me consome;
os insultos dos que te insultam caíram sobre mim.

11 Mortifico a minha alma com jejuns,
e até isso provoca mais insultos contra mim.

12 Se me visto de luto,
sou para eles objeto de escárnio.

13 Murmuram contra mim, sentados à porta da cidade
e entoam cantigas contra mim, bebendo vinho.

14 Mas eu dirijo a ti a minha oração,
ó Senhor, no tempo favorável.

Responde-me, ó Deus, pela tua grande misericórdia,
pela fidelidade da tua salvação.

15 Retira-me do lodo, para que não me afunde!
Livra-me dos que me odeiam e das águas profundas!

16 Não me cubram as ondas, nem me engula o abismo;
que a boca do poço não se feche sobre mim.

17 Responde-me, Senhor, pois a tua misericórdia é bondosa;
volta-te para mim, pela tua grande compaixão.

18 Não escondas a tua face deste teu servo;
responde-me depressa, porque estou angustiado.

19 Aproxima-te da minha alma e liberta-a,
resgata-me, por causa dos meus inimigos.

20 Tu bem conheces o meu opróbrio,
a minha desilusão e vergonha;
tens bem presentes os que me perseguem.

21 O insulto despedaçou-me o coração até desfalecer:
esperei compaixão, mas não havia;
esperei por quem me confortasse e não encontrei.

22 Colocaram fel na minha comida;
e, quando tive sede, deram-me vinagre a beber.

23 Que a sua mesa seja para eles uma armadilha
e uma cilada para os seus amigos.

24 Que a vista se lhes escureça e não vejam,
e que os seus rins fraquejem sem cessar.

25 Descarrega sobre eles a tua indignação;
que o furor da tua ira os atinja.

26 Que o seu acampamento seja um deserto,
e não haja quem habite nas suas tendas.

27 Pois perseguem aqueles que Tu castigaste
e acrescentam o sofrimento daqueles que feriste.

28 Coloca mais culpa sobre a sua culpa;
e não tenham acesso à tua justiça.

29 Sejam riscados do livro dos vivos
e não sejam inscritos na lista dos justos.

30 Mas a mim, triste e aflito,
que a tua salvação, ó Deus, me restabeleça.

31 Louvarei, com cânticos, o nome de Deus
e proclamarei a sua grandeza como ação de graças.

32 Isso agradará mais a Deus que o sacrifício de um touro
ou de um novilho já com chifres e cascos.

33 Que os humildes vejam; e se alegrem os que buscam a Deus.
Que o vosso coração recupere a vida!

34 Pois o Senhor escuta os necessitados
e não despreza o seu povo de prisioneiros.

35 Que o louvem os céus e a terra,
os mares e tudo quanto neles se movimenta.

36 Sim, Deus há de salvar Sião
e reconstruir as cidades de Judá.
Eles ali habitarão e tomarão posse dela.

37 Os filhos dos seus servos recebê-la-ão em herança,
e os que amam o seu nome hão de ali morar.

Significado e Interpretação

O Salmo 69 é uma oração individual de súplica onde o Salmista lamenta as injustiças, as grandes ameaças e o sofrimento que tem de suportar por causa de Deus e pede-lhe proteção e castigo contra os inimigos, prometendo agradecer essa ajuda.

As tonalidades sapienciais de meditação que aqui se encontram contêm conotações semelhantes a algumas passagens de Job. Tem igualmente semelhanças com o Salmo 22. Como em muitos outros Salmos, também aqui uma referência à restauração do povo, como conclusão.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.