O Salmo 37 pertence ao Livro I do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro I engloba os Salmos 1 a 41. O Salmo 37 está dividido em 40 Versículos.
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão
Índice
Salmo 37 - A sorte do Justo e do Ímpio
1 De David.
Alef
Não te exaltes por causa dos criminosos
nem invejes os que praticam a iniquidade.
2 Pois como o feno depressa irão secar,
como a erva viçosa hão de murchar.
Bet
3 Confia no Senhor e faz o bem;
habita nesta terra e cultiva a fidelidade.
4 Põe no Senhor a tua felicidade,
e Ele há de satisfazer os desejos do teu coração.
Guimel
5 Entrega ao Senhor o teu caminho;
confia nele e Ele atuará.
6 Há de fazer brilhar como luz a tua justiça,
e os teus direitos, como sol do meio-dia.
Dalet
7 Descansa no Senhor e põe nele a tua esperança;
não te exasperes com os que prosperam,
nem com os que vivem de intrigas.
He
8 Foge da ira e evita a indignação;
não te exasperes, pois só leva ao mal.
9 Com efeito, os criminosos serão exterminados,
mas os que esperam no Senhor possuirão a terra.
Vau
10 Mais um pouco e já não se vê o malfeitor;
se procurares bem no seu lugar, já não está.
11 Os pobres, sim, possuirão a terra
e poderão deleitar-se em grande paz.
Zain
12 O malfeitor tece intrigas contra o justo
e range os dentes contra ele.
13 Mas o Senhor ri-se dele,
pois vê que o seu dia está a chegar.
Het
14 Os malfeitores desembainham a espada e carregam o seu arco,
para abaterem o pobre e desvalido,
para sacrificarem os que seguem o caminho reto.
15 A sua espada atravessará o seu próprio coração,
e os seus arcos serão despedaçados.
Tet
16 Mais vale o pouco de um justo
que a fortuna de muitos malfeitores.
17 Pois os braços dos malfeitores serão quebrados,
enquanto aos justos, o Senhor os sustenta.
Yod
18 O Senhor conhece bem os dias dos íntegros,
e a sua herança ficará para sempre.
19 Não serão envergonhados no tempo da adversidade
e nos dias de fome serão saciados.
Caf
20 Porém, os malfeitores hão de perecer;
os inimigos do Senhor, como a verdura dos campos,
murcham e dissipam-se em fumo.
Lamed
21 O malfeitor pede emprestado e não paga,
o justo tem compaixão e dá.
22 Os que Deus abençoa possuirão a terra;
e os que Ele amaldiçoa serão exterminados.
Mem
23 O Senhor dá firmeza aos passos do homem;
orienta-o e sente agrado no seu caminho.
24 Se cair, não ficará por terra,
porque o Senhor o segura pela mão.
Nun
25 Eu já fui jovem e agora sou velho;
mas nunca vi um justo abandonado,
nem os seus filhos a mendigar pão.
26 Mostra-se compassivo e generoso, o dia inteiro,
e a sua descendência será abençoada.
Samec
27 Afasta-te do mal e faz o bem
e sempre terás onde habitar.
28 Pois o Senhor ama a retidão
e não abandona os seus fiéis.
Ain
Estes serão guardados para sempre,
mas a descendência dos maus será destruída.
29 Os justos possuirão a terra
e nela terão morada para sempre.
Pé
30 A boca do justo profere sabedoria,
e a sua língua declara a justiça.
31 Ele traz no coração a lei do seu Deus;
por isso não vacilam os seus passos.
Sadé
32 O malfeitor espreita o justo
e procura a maneira de o matar.
33 Mas o Senhor não o abandonará nas suas mãos,
nem o deixará condenar em tribunal.
Qof
34 Confia no Senhor e segue o seu caminho;
Ele te honrará com a posse da terra,
e poderás ver os malfeitores a serem exterminados.
Resh
35 Eu vi um malfeitor encher-se de soberba,
a expandir-se como árvore nativa e frondosa.
36 Alguém ali passa e eis que ele já não existe.
Ainda o procurei, mas já não se encontrava.
Shin
37 Observa aquele que é honesto e repara no que é reto,
pois há futuro para o homem de paz.
38 Os criminosos, porém, serão todos destruídos;
o futuro dos malfeitores será exterminado.
Tau
39 A salvação dos justos vem do Senhor,
que é o seu refúgio na hora da angústia.
40 O Senhor os ajuda e os liberta;
liberta-os dos malfeitores e assim os salva,
porque nele se refugiaram.
Significado e Interpretação
O Salmo 37 é uma oração de modelo sapiencial onde se procede a uma meditação sobre a prática do bem e do mal e sobre a maneira como a fé em Deus se enquadra neste comportamento. O correr da reflexão segundo o modelo de um diálogo entre mestre e discípulo é mais uma característica do estilo sapiencial.
O destino dos maus, mesmo bafejado por sucessos no imediato, está sujeito a uma fragilidade e a uma precariedade que lhes retira qualquer expectativa séria de continuidade. A razão e a justiça encontram-se do lado daqueles que adotam um comportamento bom e justo. A confiança em Deus é a garantia de que esta atitude está justificada e, como tal, garantida por Ele.
A recomendação final resume os temas essenciais tratados neste Salmo: as exigências de comportamento e das ideias morais que garantem permanência na terra prometida e confiança de que vencerão finalmente os ideais de bem e de justiça. Mais cedo ou mais tarde, o malfeitor pagará pelos males que praticou.
Os Salmos Sapienciais são livros da Sagrada Escritura (Libri Sapientiales) que contêm, sobretudo, sentenças morais do antigo Israel - Provérbios, Jó, Qohélet (Eclesiastes), Sirácida (Eclesiástico), Cântico dos Cânticos, Sabedoria. Estas orações estão recheadas de inspiração e sabedoria antigas, de experiências de vida e da História dos povos. Analisam o comportamento humano, as opções éticas e as suas consequências, e a procura do sentido da vida e da morte para cada um de nós e enquanto sociedade.
Vários temas são abordados nestes Salmos como a justiça / injustiça; pecador / justo; sensatez / insensatez; mal / bem; fidelidade / infidelidade; a honra ou a falta dela, a virtude que existe na prudência no falar, no ser justo, no saber ser rico. A existência de Deus nunca é questionada. Ele é Criador, Senhor, Juiz, Sábio.
Os Salmos Sapienciais também são entendidos como uma orientação para que cada um possa meditar sobre as questões do seu dia a dia e dos mistérios da vida. O Salmista serve-se das experiências, próprias e alheias, para discernir o caminho a tomar com base nos princípios morais corretos. Baseiam-se no pressuposto de que o que fazemos neste mundo, pagamos nesta vida. O estilo sapiencial aparece nos Sl 1; 14; 34; 36; 37; 39; 49; 53; 73; 74.
O Livro dos Salmos
- Livro I - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
- Livro II - 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
- Livro III - 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
- Livro IV - 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106
- Livro V - 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.
Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.
O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.
- Livro I - Salmos 1 a 41
- Livro II - Salmos 42 a 72
- Livro III - Salmos 73 a 89
- Livro IV - Salmos 90 a 106
- Livro V - Salmos 107 a 150
O Poder da Oração no Diálogo com o Divino
Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.
Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana.
A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas.
A fé pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.