O Salmo 68 pertence ao Livro II do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro II engloba os Salmos 42 a 72. O Salmo 68 está dividido em 36 Versículos.
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão
Índice
Salmo 68 - Cântico Triunfal
1 Ao diretor. De David. Salmo. Cântico.
2 Deus levanta-se: os seus inimigos dispersam-se
e fogem diante dele os que o odeiam.
3 Como se dissipa o fumo, assim eles se dissipam;
como a cera se derrete junto do fogo,
assim perecem os malfeitores diante de Deus.
4 Mas os justos alegram-se e rejubilam;
na presença de Deus exultam de alegria.
5 Cantai a Deus, entoai hinos ao seu nome,
abri caminho àquele que cavalga sobre os desertos.
Pois o seu nome é Senhor! Exultai na sua presença.
6 Pai dos órfãos e defensor das viúvas
é o Deus que habita no seu santuário.
7 Deus faz regressar a casa os que vivem sós
e faz sair os prisioneiros em liberdade,
mas os rebeldes ficarão em terra árida.
8 Quando saíste à frente do teu povo, ó Deus,
e caminhavas através do deserto,
9 a terra tremia e os céus gotejavam
na presença de Deus, o do Sinai,
na presença de Deus, o Deus de Israel.
10 Fizeste cair, ó Deus, a chuva com abundância;
e restituíste o vigor à tua herança enfraquecida.
11 As tuas criaturas voltaram à terra,
que, na tua bondade, ó Deus, preparaste para o pobre.
12 O Senhor proclama um oráculo,
as boas novas de um grande exército:
13 "Os reis dos exércitos fogem, fogem,
e uma dona de casa reparte os despojos.
14 Será que podeis ficar descansados entre os rebanhos,
com asas de pomba cobertas de prata
e as suas penas, de ouro fino?
15 Quando o Todo Poderoso dispersava os reis,
um nevão caía sobre o monte Salmon".
16 Ó montanha elevada, montanha de Basan!
Montanha escarpada, montanha de Basan!
17 Ó montes escarpados, por que razão invejais
a montanha que Deus desejou para sua morada?
Contudo, o Senhor há de habitar nela eternamente.
18 Os carros de Deus são milhares de esquadrões cintilantes;
neles vem o Senhor do Sinai para o santuário.
19 Tu subiste às alturas, levando contigo prisioneiros;
recebeste homens, mesmo rebeldes, como tributo,
para ali habitares, ó Senhor e Deus.
20 Bendito seja o Senhor, dia após dia;
Ele cuida de nós, é o Deus da nossa salvação.
Pausa
21 Ele é o nosso Deus, é o Deus para a salvação.
É pelo Senhor, nosso Deus,
que é possível escapar da morte.
22 Pois Deus esmaga a cabeça dos seus inimigos,
o crânio dos que persistem nas suas culpas.
23 O Senhor disse: "De Basan os farei voltar,
farei voltar das profundezas do mar.
24 Assim molharás os pés no seu sangue
e a língua dos teus cães terá os inimigos como ração".
25 Eles viram, ó Deus, os teus cortejos triunfais,
os cortejos do meu Deus e rei no santuário.
26 Os cantores vão na frente, os músicos atrás,
no meio, as donzelas tocando pandeiretas.
27 Bendizei a Deus nas assembleias,
bendizei o Senhor, nas solenidades de Israel.
28 Ali vai Benjamim, o mais novo, a comandar os outros;
depois, os chefes de Judá, com os seus grupos,
os chefes de Zabulão e os chefes de Neftali.
29 Impõe claramente o teu poder, ó meu Deus,
o poder com que intervieste em nosso favor, ó Deus.
30 Do teu santuário, em Jerusalém,
onde os reis virão oferecer-te presentes,
31 domina a fera dos canaviais,
a manada de touros e povos como novilhos.
Eles rebaixam-se perante bocados de prata.
Dispersa as nações que desejam a guerra!
32 Do Egito chegarão ricos presentes
e a Etiópia acorrerá, estendendo as mãos para Deus.
33 Cantai a Deus, ó reinos da terra,
entoai hinos ao Senhor!
Pausa
34 Ele cavalga pelos céus, os céus de outrora,
e faz ouvir a sua voz, uma voz poderosa.
35 Reconhecei o poder de Deus!
A sua majestade resplandece sobre Israel,
e o seu poder na vastidão das nuvens.
36 Deus é prodigioso, desde o seu santuário.
Pois é Ele o Deus de Israel que dá força e vigor ao seu povo.
Bendito seja Deus!
Significado e Interpretação
O Salmo 68 é uma oração coletiva de ação de graças. Os motivos de agradecimento a Deus parecem mais comunitários, relativos a todo o povo, do que individuais. É uma síntese de todos os benefícios realizados por Deus em favor de Israel ao longo da sua história. Esta espécie de epopeia religiosa da história de Israel poderia eventualmente servir como hino especial para uma festa de celebração da aliança.
A montanha de Basan, situada na região norte da margem oriental do Jordão, era conhecida pela sua fecundidade. Este destaque faz com que Basan apareça com muita frequência referenciada na literatura bíblica. Já o monte Sião é a montanha desejada por Deus para sua morada.
Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.
Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.
As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus.
As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.
Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.
O Livro dos Salmos
- Livro I - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
- Livro II - 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
- Livro III - 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
- Livro IV - 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106
- Livro V - 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.
Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.
O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.
- Livro I - Salmos 1 a 41
- Livro II - Salmos 42 a 72
- Livro III - Salmos 73 a 89
- Livro IV - Salmos 90 a 106
- Livro V - Salmos 107 a 150
O Poder da Oração no Diálogo com o Divino
Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.
Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana.
A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas.
A fé pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.