O Salmo 72 é o último Salmo do Livro II do Livro dos Salmos. Este, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro II engloba os Salmos 42 a 72. O Salmo 72 está dividido em 20 Versículos e fala das virtudes do rei e de Deus, o governante de todos os povos.
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão
Índice
Salmo 72 - Oração a Deus pelo Rei Ideal
1 De Salomão.
Ó Deus, concede ao rei o teu modo de julgar
e ao filho do rei, a tua justiça,
2 para que ele julgue o teu povo na justiça
e os teus pobres com equidade.
3 Que os montes tragam a paz ao povo
e as colinas, a justiça.
4 Que o rei tome a defesa dos humildes do povo,
ajude os necessitados e esmague os opressores.
5 Que ele possa permanecer como o Sol
e como a Lua, de geração em geração.
6 Que ele seja como o cair da chuva sobre a relva,
como os aguaceiros que regam a terra.
7 Que em seus dias floresça o justo
e abundância de paz, até se acabar a Lua.
8 Que ele domine de um ao outro mar,
desde o rio até aos confins da terra.
9 Diante dele se inclinem as criaturas do deserto,
e os seus adversários tenham de lamber o pó.
10 Os reis de Társis e das ilhas oferecerão tributo;
os reis de Sabá e Seba trarão suas ofertas.
11 Todos os reis se prostrarão diante dele;
todas as nações o servirão.
12 Ele socorrerá o pobre que o invoca
e o indigente que não tem quem o ajude.
13 Terá compaixão do humilde e do pobre
e salvará a vida dos necessitados.
14 Há de livrá-los da opressão e da violência,
porque o seu sangue é precioso a seus olhos.
15 Enquanto viver, ser-lhe-á dado ouro de Sabá!
Em favor dele se há de rezar sempre,
e todos os dias será abençoado.
16 Haverá nos campos fartura de trigo,
ondulando por cima dos montes.
O seu fruto será como o Líbano,
florescendo como a erva dos prados.
17 Que o seu nome permaneça pelos séculos;
que o seu nome esteja firme diante do Sol.
Por ele, todos os povos se sentirão abençoados
e todos o hão de felicitar.
18 Bendito seja o Senhor, que é Deus, o Deus de Israel;
Ele é o único a realizar maravilhas.
19 Bendito seja para sempre o seu nome glorioso
e a terra inteira se encha da sua glória!Amen! Amen!
20 Terminaram as orações de David, filho de Jessé.
Significado e Interpretação
O Salmo 72 é um hino de louvor. Considerado um Salmo real, é atribuído a Salomão, tal como acontece com o Sl 127. Por isso aparece com frequência utilizado em contextos messiânicos.
O conteúdo deste Salmo converge com o ideal de governação referindo as características do rei ideal:
- A justiça que corresponde e prossegue o bem-estar no mundo (Versículos 1-4),
- A universalidade e eternidade (Versículos 5-11),
- O cuidado dos pobres (Versículos 12-15),
- A prosperidade e esplendor (Versículos 16-17).
Os Versículos 18-19 constituem uma manifestação da glória de Deus que encerra a segunda coleção de Salmos. O Versículo 20 encerra o grupo de salmos de David. Contudo, mais adiante aparecem mais Salmos atribuídos a David como sendo os SL 101; 108-110; 138-145.
Os Salmos de Louvor são hinos endereçados, sobretudo, a Deus. Nesse sentido, a Bíblia dá continuidade à literatura litúrgica das religiões vizinhas e anteriores, onde os hinos são a forma mais habitual dos povos se dirigirem à divindade, sobretudo em contextos de maior solenidade.
Estes Salmos tinham grande importância na vida dos heróis bíblicos. A pregação da palavra dos profetas ou o ensinamento da reflexão de sabedoria aparece estreitamente ligada à ação cultural do povo de Israel. Exprimem, de modo solene e simples, o reconhecimento do crente à presença eficaz do Deus que salva o seu povo, pois Ele é misericórdia que dura para sempre; é refúgio para os perigos da vida; é júbilo e alegria; é prosperidade que alimenta o seu povo; é luz nos momentos de trevas e salvação na Terra e na vida eterna.
Os textos do Livro dos Salmos oscilam ente grito e louvor, súplica e júbilo. Talvez os seus autores tenham compreendido que o Homem só pode exprimir perante Deus as suas súplicas, lamentos ou sede de vingança, se estiver embrenhado no espírito do louvor que canta a vida mais forte do que a morte. Talvez, para além do grito, do lamento ou da raiva, tenham percebido que o que move tais palavras nada mais é senão aquela força de vida que explode em louvor quando sai da violência ou quando atravessa a morte.
Estes hinos narram, assim, as grandezas ou benfeitorias e o agradecimento que daí decorre. Exemplos disso são os Sl 8; 19; 28; 33; 47; 65-66; 93; 96-100; 104-105; 111; 113; 117; 135; 146; 148-150. Os hinos também podem ser dirigidos ao rei, focando especialmente a cerimónia da entronização real, com toda a expectativa de intervenção divina para o bem-estar do povo e o ordenamento justo do mundo. Neste caso, os Salmos eram executados em festas da corte, na presença do rei, em comemorações por vitória sobre os inimigos, entre outros. Alguns exemplos são os Sl 2; 18; 20; 21; 27; 51; 60; 61.
Com o fim da monarquia, estes Salmos foram acentuando as conotações messiânicas, que já antes tinham implícitas. É o caso dos Sl 2; 18; 20-21; 45; 72; 89; 101; 110; 132; 144. São ainda considerados hinos os Salmos que celebram Jerusalém, que com o templo apresenta uma especial ligação a Deus. São os Sl 46; 48; 76; 84; 87; 122.
O Livro dos Salmos
- Livro I - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
- Livro II - 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
- Livro III - 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
- Livro IV - 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106
- Livro V - 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.
Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.
O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.
- Livro I - Salmos 1 a 41
- Livro II - Salmos 42 a 72
- Livro III - Salmos 73 a 89
- Livro IV - Salmos 90 a 106
- Livro V - Salmos 107 a 150
O Poder da Oração no Diálogo com o Divino
Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.
Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana.
A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas.
A fé pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.