O Salmo 107 abre o Livro V do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro V engloba os Salmos 107 a 150. O Salmo 107 está dividido em 43 Versículos.
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão
Índice
Salmo 107 - Deus Salva de Todos os Perigos
1 Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
2 Que o digam os resgatados pelo Senhor,
os que Ele resgatou da mão do inimigo,
3 aqueles que Ele reuniu de entre as nações,
do Oriente e do Ocidente, do Norte e do mar a sul.
4 Andavam errantes pelo deserto e descampado,
sem encontrar o caminho de uma cidade onde habitar.
5 Andavam esfomeados e sedentos;
e o seu ânimo já lhes desfalecia.
6 Mas, na sua angústia, clamaram ao Senhor,
e Ele livrou-os das suas aflições.
7 Encaminhou-os por um caminho direito,
para chegarem a uma cidade onde habitar.
8 Que eles deem graças ao Senhor, pela sua misericórdia
e pelas suas maravilhas em favor dos humanos.
9 Pois Ele matou a sede aos sequiosos
e aos que tinham fome encheu de bens.
10 Eles jaziam na escuridão e nas trevas,
prisioneiros da aflição e dos ferros,
11 por se terem revoltado contra as ordens de Deus
e desprezado os desígnios do Altíssimo.
12 Abateu-lhes o coração com dificuldades;
tropeçavam e ninguém os socorria.
13 Mas, na sua angústia, clamaram ao Senhor,
e Ele salvou-os das suas aflições.
14 Fê-los sair das trevas e da escuridão
e despedaçou as suas cadeias.
15 Que eles deem graças ao Senhor, pela sua misericórdia
e pelas suas maravilhas em favor dos humanos.
16 Ele despedaçou as portas de bronze
e quebrou as barras de ferro!
17 Enfraquecidos pelos seus caminhos de pecado
e aflitos por causa das suas culpas,
18 qualquer alimento lhes causava náuseas
e já chegavam às portas da morte.
19 Mas, na sua angústia, clamaram ao Senhor,
e Ele salvou-os das suas aflições.
20 Deus enviou a sua palavra para os curar
e para os livrar das suas chagas.
21 Que eles deem graças ao Senhor, pela sua misericórdia
e pelas suas maravilhas em favor dos humanos.
22 Ofereçam sacrifícios de ação de graças
e anunciem as suas obras com júbilo.
23 Os que vão para o mar com os seus navios,
fazendo negócio pela imensidão das águas,
24 esses viram as obras do Senhor
e as suas maravilhas no alto mar.
25 Ele falou e ergueu-se um vento de tempestade
que levantou as ondas do mar.
26 Os marinheiros subiam até aos céus e desciam às profundezas,
com a alma desfeita pela desgraça;
27 rodavam e cambaleavam como ébrios
e toda a sua perícia se tornava inútil.
28 Mas, na sua angústia, clamaram ao Senhor,
e Ele tirou-os das suas aflições.
29 Transformou a tempestade em leve brisa,
e acalmaram-se as ondas do mar.
30 Eles alegram-se quando as ondas ficam calmas,
e Ele guia-os para o seu porto desejado.
31 Que eles deem graças ao Senhor pela sua misericórdia
e pelas suas maravilhas em favor dos humanos.
32 Que o exaltem na assembleia do povo
e o louvem no conselho dos anciãos.
33 Ele transformou os rios em deserto
e as fontes de água em terra árida;
34 transformou a terra fértil em chão salgado,
pela maldade dos que nela habitavam;
35 mudou o deserto em lago de água
e a terra árida em nascentes de água,
36 para fazer habitar ali os famintos,
e eles estabelecerem uma cidade para habitar.
37 Semearam campos e plantaram vinhas
e tiveram uma colheita abundante.
38 Abençoou-os e cresceram em grande número
e não deixou que os seus rebanhos ficassem reduzidos.
39 Ficaram reduzidos e abatidos,
por causa da opressão, da maldade e da angústia.
40 Porém, aquele que derrama desprezo sobre os poderosos
e os faz vaguear pelo vazio, sem caminhos,
41 Ele mesmo levanta o pobre da angústia
e multiplica as famílias como um rebanho.
42 Os íntegros veem isto e alegram-se,
e toda a maldade fica de boca fechada.
43 Aquele que for sábio guardará estas coisas
e todos compreenderão as misericórdias do Senhor.
Significado e Interpretação
O Salmo 107 é um Salmo de ação de graças e aparece num contexto de solene ambiente litúrgico. Nele, o Salmista celebra a providência de Deus para com os hebreus, quando se encontravam perdidos no deserto, cativos, enfermos e errantes.
Segue-se um hino com traços messiânicos, que complementa a satisfação pelo passado com uma expetativa esperançosa para o futuro não só do Salmista mas de toda a comunidade.
Os Salmos de Louvor são hinos endereçados, sobretudo, a Deus. Nesse sentido, a Bíblia dá continuidade à literatura litúrgica das religiões vizinhas e anteriores, onde os hinos são a forma mais habitual dos povos se dirigirem à divindade, sobretudo em contextos de maior solenidade.
Estes Salmos tinham grande importância na vida dos heróis bíblicos. A pregação da palavra dos profetas ou o ensinamento da reflexão de sabedoria aparece estreitamente ligada à ação cultural do povo de Israel. Exprimem, de modo solene e simples, o reconhecimento do crente à presença eficaz do Deus que salva o seu povo, pois Ele é misericórdia que dura para sempre; é refúgio para os perigos da vida; é júbilo e alegria; é prosperidade que alimenta o seu povo; é luz nos momentos de trevas e salvação na Terra e na vida eterna.
Os textos do Livro dos Salmos oscilam ente grito e louvor, súplica e júbilo. Talvez os seus autores tenham compreendido que o Homem só pode exprimir perante Deus as suas súplicas, lamentos ou sede de vingança, se estiver embrenhado no espírito do louvor que canta a vida mais forte do que a morte. Talvez, para além do grito, do lamento ou da raiva, tenham percebido que o que move tais palavras nada mais é senão aquela força de vida que explode em louvor quando sai da violência ou quando atravessa a morte.
Estes hinos narram, assim, as grandezas ou benfeitorias e o agradecimento que daí decorre. Exemplos disso são os Sl 8; 19; 28; 33; 47; 65-66; 93; 96-100; 104-105; 111; 113; 117; 135; 146; 148-150. Os hinos também podem ser dirigidos ao rei, focando especialmente a cerimónia da entronização real, com toda a expectativa de intervenção divina para o bem-estar do povo e o ordenamento justo do mundo. Neste caso, os Salmos eram executados em festas da corte, na presença do rei, em comemorações por vitória sobre os inimigos, entre outros. Alguns exemplos são os Sl 2; 18; 20; 21; 27; 51; 60; 61.
Com o fim da monarquia, estes Salmos foram acentuando as conotações messiânicas, que já antes tinham implícitas. É o caso dos Sl 2; 18; 20-21; 45; 72; 89; 101; 110; 132; 144. São ainda considerados hinos os Salmos que celebram Jerusalém, que com o templo apresenta uma especial ligação a Deus. São os Sl 46; 48; 76; 84; 87; 122.
O Livro dos Salmos
- Livro I - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
- Livro II - 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
- Livro III - 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
- Livro IV - 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106
- Livro V - 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.
Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.
O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.
- Livro I - Salmos 1 a 41
- Livro II - Salmos 42 a 72
- Livro III - Salmos 73 a 89
- Livro IV - Salmos 90 a 106
- Livro V - Salmos 107 a 150
O Poder da Oração no Diálogo com o Divino
Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.
Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana.
A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas.
A fé pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.