O Salmo 104 pertence ao Livro IV do Livro dos Salmos, que é composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro IV engloba os Salmos 90 a 106. O Salmo 104 está dividido em 35 Versículos.
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão
Índice
Salmo 104 - Hino ao Criador do Universo
1 Bendiz, ó minha alma, o Senhor!
Senhor, meu Deus, como Tu és grande!
Estás revestido de esplendor e majestade.
2 És aquele que está envolto de luz como de um manto,
que estende os céus como um toldo;
3 aquele que armazena de água as suas altas moradas;
aquele que faz das nuvens o seu carro
e caminha sobre as asas do vento;
4 aquele que faz dos ventos os seus mensageiros
e dos relâmpagos, seus servidores;
5 aquele que fundou a terra sobre as suas bases,
para não vacilar jamais.
6 Tu a cobriste com o manto do oceano,
e as águas mantinham-se por cima das montanhas.
7 Com a tua ameaça, elas fugiram;
ao fragor do teu trovão, precipitaram-se.
8 Subiam para as montanhas e desciam às profundezas,
conforme o lugar que lhes preparaste.
9 Estabeleceste um limite para as águas não ultrapassarem
e não voltarem a cobrir a terra.
10 És Tu que envias a água das nascentes para os rios,
que correm por entre as montanhas.
11 Eles dão de beber a todos os animais do campo;
ali matam a sede os burros selvagens.
12 Por cima dos rios moram as aves do céu
e de entre as ramagens entoam o seu canto.
13 És aquele que rega as montanhas desde as tuas altas moradas.
A terra fica saciada com o fruto das tuas obras.
14 És o que faz brotar a erva para o gado
e as verduras para benefício dos homens,
para assim fazerem brotar da terra o seu pão
15 e o vinho que alegra o coração dos humanos.
Assim obtém azeite para fazer brilhar o seu rosto
e pão que lhe reconforta o ânimo.
16 Ficam satisfeitas as árvores do Senhor,
os cedros do Líbano que Ele plantou.
17 Ali fazem os pássaros o seu ninho;
dos cedros faz a cegonha a sua casa.
18 Os altos montes são para as cabras,
os penhascos são o refúgio dos roedores.
19 A Lua procede conforme os tempos,
e o Sol conhece o seu ocaso.
20 Tu estendes a escuridão e faz-se noite;
nela vagueiam todos os animais da selva.
21 Os leões rugem em busca da presa,
pedindo a Deus o seu alimento.
22 Nasce o Sol, logo se retiram,
para se recolherem nos seus refúgios.
23 Sai o homem para a sua tarefa,
para o seu trabalho até ao anoitecer.
24 Como são numerosas as tuas obras, Senhor!
Tudo fizeste com sabedoria;
a terra está cheia das tuas criaturas.
25 Eis ali o mar, grande e de vastas extensões,
onde se agitam, sem número,
animais pequenos e grandes.
26 Por ali andam os navios e o Leviatan,
monstro que formaste para com ele brincar.
27 Todos esperam por ti,
para lhes dares o alimento a seu tempo.
28 Tu lhes dás e eles recolhem;
abres a tua mão e ficam saciados de bens.
29 Se deles escondes o teu rosto, ficam perturbados;
se lhes retiras o alento, expiram
e voltam ao pó de onde saíram.
30 Se lhes envias o teu espírito, são de novo criados.
E assim renovas a face da terra.
31 Que a glória do Senhor seja para sempre!
Que o Senhor se alegre nas suas obras!
32 Ele observa a terra e ela estremece,
toca nos montes e eles fumegam.
33 Quero cantar ao Senhor, enquanto eu viver;
tocarei para o meu Deus, enquanto existir.
34 Que o meu poema lhe seja agradável,
pois no Senhor está a minha alegria.
35 Desapareçam da terra os pecadores!
E não existam mais os malfeitores!
Bendiz, ó minha alma, o Senhor!
Aleluia!
Significado e Interpretação
O Salmo 104 é um hino em forma de meditação sapiencial. Nele, o salmista descreve de maneira pormenorizada como a vida quotidiana do universo é percebida, em resultado da ação e do cuidado com que Deus o governa.
Esta leitura compreensiva do significado da vida quotidiana é a pedra fundamental da espiritualidade espelhada nas culturas religiosas do antigo Oriente. Estes sentimentos podem encontrar-se de modo muito semelhante em outras literaturas religiosas daquele tempo.
Os Salmos Sapienciais são livros da Sagrada Escritura (Libri Sapientiales) que contêm, sobretudo, sentenças morais do antigo Israel - Provérbios, Jó, Qohélet (Eclesiastes), Sirácida (Eclesiástico), Cântico dos Cânticos, Sabedoria. Estas orações estão recheadas de inspiração e sabedoria antigas, de experiências de vida e da História dos povos. Analisam o comportamento humano, as opções éticas e as suas consequências, e a procura do sentido da vida e da morte para cada um de nós e enquanto sociedade.
Vários temas são abordados nestes Salmos como a justiça / injustiça; pecador / justo; sensatez / insensatez; mal / bem; fidelidade / infidelidade; a honra ou a falta dela, a virtude que existe na prudência no falar, no ser justo, no saber ser rico. A existência de Deus nunca é questionada. Ele é Criador, Senhor, Juiz, Sábio.
Os Salmos Sapienciais também são entendidos como uma orientação para que cada um possa meditar sobre as questões do seu dia a dia e dos mistérios da vida. O Salmista serve-se das experiências, próprias e alheias, para discernir o caminho a tomar com base nos princípios morais corretos. Baseiam-se no pressuposto de que o que fazemos neste mundo, pagamos nesta vida. O estilo sapiencial aparece nos Sl 1; 14; 34; 36; 37; 39; 49; 53; 73; 74.
O Livro dos Salmos
- Livro I - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
- Livro II - 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
- Livro III - 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
- Livro IV - 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106
- Livro V - 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.
Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.
O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.
- Livro I - Salmos 1 a 41
- Livro II - Salmos 42 a 72
- Livro III - Salmos 73 a 89
- Livro IV - Salmos 90 a 106
- Livro V - Salmos 107 a 150
O Poder da Oração no Diálogo com o Divino
Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.
Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana.
A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas.
A fé pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.