O Salmo 73 pertence ao Livro III do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro III engloba os Salmos 73 a 89. O Salmo 73 está dividido em 28 Versículos.
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão
Índice
Salmo 73 - Retribuição do Mal e do Bem
1 Salmo. De Asaf .
Como Deus é bom para Israel,
para os que têm coração puro!
2 Ai de mim! Os meus pés estavam quase a resvalar,
por pouco os meus passos caíam em falso.
3 Pois senti inveja dos ímpios,
ao ver a prosperidade dos malfeitores.
4 Para eles não há dissabores;
o seu corpo é sadio e bem nutrido.
5 Fadigas humanas não as têm
nem são atormentados como os outros homens.
6 Por isso, o seu colar é de orgulho,
e o seu manto de adorno é a violência.
7 Do corpo obeso lhes sai a iniquidade;
pelo seu coração perpassam ideias loucas.
8 Zombam e falam com malícia;
com altivez, fazem ameaças de opressão.
9 Contra o céu abrem a sua boca
e a sua língua percorre a terra.
10 Por isso o seu povo se volta para eles
e sorvem as suas palavras como se fosse água.
11 E dizem: "Como é possível que Deus saiba disto
e o Altíssimo tenha conhecimento?".
12 São assim os malfeitores,
sempre tranquilos e a amontoar riquezas.
13 De nada me serve ter o coração puro
e as minhas mãos limpas e inocentes.
14 Terei de me atormentar durante todo o dia
e sentir-me castigado todas as manhãs?
15 Se eu pensasse: "Vou falar como eles",
estaria a atraiçoar a geração dos teus filhos.
16 Refleti melhor para entender estas coisas,
mas era muito penoso aos meus olhos.
17 Até que entrei no santuário de Deus;
compreendo agora o fim que os espera.
18 Na verdade, Tu os colocas em plano escorregadio;
fizeste-os cair em ruínas.
19 Num momento, ficam na desolação
e acabam transidos de pavor!
20 Como quando se desperta de um sonho, Senhor,
ao acordar desprezarás a sua imagem.
21 Outrora, o meu coração andava exasperado,
e eu consumia-me nas minhas entranhas.
22 Como insensato, eu nada compreendia;
era como um animal na tua presença.
23 No entanto, estive sempre contigo,
e Tu seguraste a minha mão direita.
24 Guiaste-me com o teu conselho
e, por fim, hás de receber-me na glória.
25 Quem mais tenho eu no céu?
E contigo nada mais desejo na terra.
26 Se o meu corpo e o meu coração desfalecem,
Deus é o rochedo para o meu coração.
Deus é a minha herança para sempre.
27 Aqueles que estão longe de ti perecerão;
Tu exterminas os que te são infiéis.
28 Para mim, felicidade é estar próximo de Deus.
Coloquei no Senhor DEUS a minha confiança,
para proclamar todas as tuas obras.
Significado e Interpretação
O Salmo 73 tem as características de uma meditação sapiencial. Trata de temas associados ao comportamento humano, particularmente a questão do prémio e do castigo, que nem sempre parecem acontecer da maneira considerada mais justa.
A solução reside no reforço da confiança em Deus. Aquele que é fiel a Deus será acolhido na sua glória. O Salmo 73 refere o que sucede a quem fica perto ou longe de Deus.
Os Salmos Sapienciais são livros da Sagrada Escritura (Libri Sapientiales) que contêm, sobretudo, sentenças morais do antigo Israel - Provérbios, Jó, Qohélet (Eclesiastes), Sirácida (Eclesiástico), Cântico dos Cânticos, Sabedoria. Estas orações estão recheadas de inspiração e sabedoria antigas, de experiências de vida e da História dos povos. Analisam o comportamento humano, as opções éticas e as suas consequências, e a procura do sentido da vida e da morte para cada um de nós e enquanto sociedade.
Vários temas são abordados nestes Salmos como a justiça / injustiça; pecador / justo; sensatez / insensatez; mal / bem; fidelidade / infidelidade; a honra ou a falta dela, a virtude que existe na prudência no falar, no ser justo, no saber ser rico. A existência de Deus nunca é questionada. Ele é Criador, Senhor, Juiz, Sábio.
Os Salmos Sapienciais também são entendidos como uma orientação para que cada um possa meditar sobre as questões do seu dia a dia e dos mistérios da vida. O Salmista serve-se das experiências, próprias e alheias, para discernir o caminho a tomar com base nos princípios morais corretos. Baseiam-se no pressuposto de que o que fazemos neste mundo, pagamos nesta vida. O estilo sapiencial aparece nos Sl 1; 14; 34; 36; 37; 39; 49; 53; 73; 74.
O Livro dos Salmos
- Livro I - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
- Livro II - 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
- Livro III - 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
- Livro IV - 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106
- Livro V - 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.
Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.
O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.
- Livro I - Salmos 1 a 41
- Livro II - Salmos 42 a 72
- Livro III - Salmos 73 a 89
- Livro IV - Salmos 90 a 106
- Livro V - Salmos 107 a 150
O Poder da Oração no Diálogo com o Divino
Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.
Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana.
A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas.
A fé pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.