O Salmo 31 pertence ao Livro I do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro I engloba os Salmos 1 a 41. O Salmo 31 está dividido em 25 Versículos.
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão
Índice
Salmo 31 - Apelo na Aflição
1 Ao diretor. Salmo. De David.
2 Em ti, Senhor, procurei refúgio.
Que eu jamais fique desiludido.
Livra-me, pela tua justiça.
3 Inclina para mim os teus ouvidos;
vem depressa libertar-me.
Sê para mim uma rocha de segurança,
uma fortaleza para me salvar.
4 Sim, Tu és o meu rochedo e a minha fortaleza;
por amor do teu nome, guia-me e conduz-me.
5 Livra-me da rede que esconderam contra mim,
pois Tu és o meu refúgio.
6 Nas tuas mãos entrego o meu espírito;
salva-me, ó Senhor, Deus fiel.
7 Eu detesto os que seguem ilusões vazias;
e, por mim, confio no Senhor.
8 Hei de alegrar-me e regozijar com a tua misericórdia,
pois Tu viste a minha miséria,
e reconheceste as angústias da minha alma.
9 Não me deixaste preso na mão do inimigo,
mas deste aos meus pés caminho aberto.
10 Tem piedade de mim, Senhor, que estou em aflição:
os meus olhos consomem-se de tristeza,
bem como a alma e as entranhas.
11 A minha vida esgotou-se na amargura,
e os meus anos em gemidos.
As minhas forças decaíram com esta aflição,
e os meus ossos consumiram-se.
12 Sou objeto de escárnio para os meus inimigos,
e mais ainda de desprezo para os meus vizinhos.
Sou motivo de terror para os meus conhecidos;
ao verem-me na rua, afastam-se de mim.
13 Sou um morto esquecido e apagado dos corações;
sou como um objeto perdido.
14 Eu ouvia os gritos da multidão,
cercado pelo terror.
Pois conspiravam todos contra mim
e combinavam tirar-me a vida.
15 Eu, porém, confio em ti, Senhor,
e digo: "Tu és o meu Deus".
16 Cada momento meu está nas tuas mãos.
Livra-me da mão dos meus inimigos e perseguidores.
17 Faz brilhar sobre o teu servo a luz da tua face;
salva-me pela tua misericórdia.
18 Senhor, que eu não fique envergonhado,
pois clamei por ti.
Fiquem envergonhados os malfeitores,
reduzidos ao silêncio da morte.
19 Calem-se os lábios mentirosos,
que proferem insolências contra o justo,
com arrogância e desprezo.
20 Como é grande, Senhor, a tua bondade,
que tens reservada para os que te temem.
Tu a realizas por aqueles que em ti confiam,
à vista de todos os humanos.
21 Tu os escondes e resguardas na tua presença,
contra as intrigas do homem;
na tua tenda os guardas
longe das línguas da discórdia.
22 Bendito seja o Senhor,
pois a sua misericórdia para comigo
fez maravilhas na cidade fortificada.
23 E eu, na minha ansiedade, dizia:
"Fui excluído de diante dos teus olhos!".
Tu, porém, ouviste o brado da minha súplica,
quando eu por ti clamei.
24 Amai o Senhor, todos os que sois seus amigos,
pois o Senhor protege os que lhe são fiéis
mas castiga, retribuindo a dobrara quem se comporta com arrogância.
25 Sede fortes e animem-se os vossos corações,
todos vós que pondes a esperança no Senhor.
Significado e Interpretação
O Salmo 31 é uma oração de cariz individual que passa pelos temas de súplica, confiança e ação de graças. Nos últimos Versículos, transforma-se num hino de louvor e não deixa de endereçar uma interpelação de sabor profético e sapiencial à comunidade inteira de Israel.
Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.
Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.
As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus.
As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.
Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.
O Livro dos Salmos
- Livro I - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
- Livro II - 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72
- Livro III - 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89
- Livro IV - 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106
- Livro V - 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.
Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.
O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.
- Livro I - Salmos 1 a 41
- Livro II - Salmos 42 a 72
- Livro III - Salmos 73 a 89
- Livro IV - Salmos 90 a 106
- Livro V - Salmos 107 a 150
O Poder da Oração no Diálogo com o Divino
Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.
Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana.
A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas.
A fé pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.