Salmo 106 - Infidelidades do Povo de Israel

[Nova versão Internacional] O Salmo 106 pertence ao Livro IV do Livro dos Salmos. Trata-se de uma confissão dos pecados individuais e do povo. Ao fazê-lo, o orador reconhece a infinita misericórdia de Deus.

O Salmo 106 encerra o Livro IV do Livro dos Salmos, que é composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro IV engloba os Salmos 90 a 106. O Salmo 106 está dividido em 48 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 106 - Infidelidades de Israel

1 Aleluia!

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.

2 Quem poderá contar os feitos do Senhor
e apregoar todos os seus louvores?

3 Feliz daquele que observa o direito
e cumpre a justiça em todo o tempo.

4 Lembra-te de mim, Senhor, pelo bem do teu povo,
vem visitar-me com a tua salvação,

5 para que eu veja a felicidade dos teus escolhidos,
para me alegrar com a alegria do teu povo
e me sentir feliz com a tua herança.

6 Nós pecámos, tal como os nossos pais,
cometemos crimes e maldades.

7 Os nossos pais, no Egito,
não compreenderam as tuas maravilhas;

não se lembraram da grandeza da tua misericórdia
e revoltaram-se junto ao mar, no Mar Vermelho.

8 Mas Ele salvou-os, para honra do seu nome
e para manifestar o seu poder.

9 Ameaçou o Mar Vermelho e ele secou
e fê-los caminhar nas profundezas como num deserto.

10 Salvou-os das mãos dos que os odiavam
e resgatou-os da mão do inimigo.

11 As águas cobriram os seus adversários;
de modo que nem um só deles sobreviveu.

12 Então acreditaram nas suas palavra
se cantaram o seu louvor.

13 Mas eles depressa esqueceram as suas obras
e não confiaram no seu projeto.

14 No deserto, deixaram-se vencer pelos seus apetite
se puseram Deus à prova, no descampado.

15 Deus concedeu-lhes o que pediam
e expulsou das suas almas o definhamento.

16 Porém, tiveram inveja de Moisés no acampamento;
e de Aarão, o consagrado do Senhor.

17 Abriu-se, então, a terra e engoliu Datan
e fechou-se sobre a seita de Abiram;

18 o fogo consumiu os seus partidários,
e as chamas devoraram os malvados.

19 Construíram um bezerro no monte Horeb
e prostraram-se diante de uma estátua.

20 Trocaram o seu Deus glorioso
pela imagem de um touro que remói erva.

21 Esqueceram a Deus, que os salvara,
realizando prodígios no Egito,

22 maravilhas no país de Cam,
coisas tremendas junto ao Mar Vermelho.

23 Deus declarou que os ia aniquilar,
se não fosse Moisés, o seu escolhido:

este colocou-se como barreira diante de Deus,
para impedir que a sua ira os destruísse.

24 Mostraram desprezo pela terra deliciosa,
não acreditaram na sua palavra.

25 Murmuraram nas suas tendas
e não escutaram a voz do Senhor.

26 Por isso, ergueu a sua mão contra eles,
jurando que os faria cair no deserto,

27 que faria cair os seus filhos entre os povos,
dispersando-os por entre as nações.

28 Depois, ligaram-se ao deus Baal de Peor
e comeram de sacrifícios em honra dos mortos.

29 Provocaram-no com as suas iniquidades,
e a peste irrompeu no meio deles.

30 Fineias ergueu-se, para garantir o direito,
e então a peste acabou.

31 A sua ação foi-lhe reconhecida como justa,
por todas as gerações e para sempre.

32 Eles irritaram a Deus, junto das águas de Meribá,
e Moisés teve de sofrer por causa deles,

33 porque lhe amarguraram o espírito
e ele proferiu desatinos com seus lábios.

34 Não exterminaram os povos
que o Senhor lhes tinha indicado.

35 Pelo contrário, misturaram-se com esses povos
e aprenderam os seus costumes.

36 Prestaram culto aos seus ídolos,
que foram para eles uma armadilha.

37 Ofereceram em sacrifício os seus filhos
e as suas filhas aos demónios.

38 Derramaram o sangue inocente,
o sangue dos seus filhos e filhas,

que sacrificaram aos ídolos de Canaã;
e a terra ficou manchada com o sangue.

39 Deixaram-se contaminar com as suas obras
e prostituíram-se com os seus crimes.

40 Por isso, o Senhor se indignou com o seu povo
e sentiu desgosto pela sua herança.

41 Então entregou-os nas mãos dos povos,
e foram dominados por aqueles que os odiavam.

42 Os seus inimigos oprimiram-nos,
e foram submetidos ao seu poder.

43 Muitas vezes Ele os libertou,
mas eles mostraram-se rebeldes nas suas ideias
e cada vez mais se afundavam na sua maldade.

44 Contudo, Ele olhou para eles na aflição,
ao ouvir os seus lamentos.

45 Lembrou-se da sua aliança para com eles
e compadeceu-se deles, na sua imensa misericórdia.

46 Fez com que eles fossem tratados com benevolência
por parte dos seus conquistadores.

47 Salva-nos, ó Senhor, nosso Deus,
e volta a reunir-nos de entre os povos,

para darmos graças ao teu santo nome
e celebrarmos os teus louvores.

48 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,
desde sempre e para sempre.

E diga todo o povo: "Amen!"
Aleluia!

Significado e Interpretação

O Salmo 106 é um Salmo coletivo de súplica, onde se faz uma revisão dos pecados cometidos pelo povo ao longo da sua história. Daí que se apresente como uma continuação natural da exposição histórica feita no Sl 105 e à semelhança do que acontece também no Sl 78.

O Salmista dá particular destaque às vicissitudes dos quarenta anos no deserto (Versículos 13-33). A confissão das próprias culpas, passadas e presentes, oferece ao orador a oportunidade para exaltar a infinita misericórdia de Deus.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.