Salmo 78 - Os Prodígios de Deus e o seu Povo

[Nova versão Internacional] O Salmo 78 pertence ao Livro III do Livro dos Salmos. Relata a história passada com a grandeza dos prodígios de Deus.

O Salmo 78 pertence ao Livro III do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro III engloba os Salmos 73 a 89. O Salmo 78 está dividido em 72 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida. 

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 78 - Deus e o seu Povo

1 Poema. De Asaf.

Escuta, meu povo, o meu ensinamento.
Prestai bem atenção às palavras da minha boca.

2 Vou abrir a minha boca em provérbios
vou revelar os enigmas de outros tempos.

3 Assim o ouvimos e conhecemos
e os nossos antepassados nos contaram.

4 Não o ocultaremos aos seus filhos;
tudo contaremos às gerações vindouras.

São as glórias do Senhor e o seu poder,
e as coisas maravilhosas que Ele fez.

5 Ele estabeleceu uma norma em Jacob
e instituiu uma lei em Israel:

ordenou aos nossos pais
que a dessem a conhecer aos seus filhos.

6 A fim de que as gerações futuras a conhecessem,
e os filhos que haviam de nascer
se erguessem e a contassem aos seus filhos;

7 para que pusessem em Deus a sua confiança
e não esquecessem os prodígios de Deus,
mas cumprissem os seus mandamentos;

8 para que não fossem como os seus pais,
uma geração rebelde e desobediente,

geração que não é firme no seu coração
e cujo espírito não é fiel ao seu Deus.

9 Os filhos de Efraim, arqueiros de erguer o arco,
viraram costas no dia do combate.

10 Não guardaram a aliança de Deus,
recusaram-se a seguir a sua lei.

11 Esqueceram-se das suas obras,
das maravilhas que Ele lhes deu a ver.

12 Diante de seus pais Deus fez maravilhas,
na terra do Egito, nas planícies de Soan.

13 Dividiu o mar para os fazer passar,
conteve as águas como um dique.

14 Conduziu-os de dia por meio de uma nuvem
e toda a noite com um clarão de fogo.

15 Abriu rochedos no deserto
e deu-lhes a beber água como das torrentes do abismo.

16 Deus fez brotar ribeiros de dentro da pedra,
e fez correr a água como grandes rios.

17 Mas eles continuaram a pecar contra Ele,
revoltando-se contra o Altíssimo na estepe árida.

18 Provocaram a Deus em seus corações,
reclamando manjares segundo os seus apetites.

19 Murmuraram contra Deus, dizendo:
"Será que Deus é capaz de nos preparar a mesa no deserto?".

20 E mesmo quando bateu na rocha e jorrou a água
e as torrentes correram abundantes, diziam:

"Será que Deus pode também dar pão
e preparar carne para o seu povo?".

21 Por isso, o Senhor ouviu e se indignou;
e um fogo foi ateado contra Jacob,
e a sua cólera cresceu também contra Israel.

22 Pois eles não tiveram fé em Deus
e não confiaram na sua salvação.

23 E do alto deu ordens às nuvens
e abriu as comportas do céu.

24 Fez chover sobre eles o maná para comerem
e deu-lhes trigo do céu.

25 Os homens comeram do pão dos fortes,
enviou-lhes comida até se saciarem.

26 Fez soprar pelos céus o vento leste
e com seu poder conduziu o vento sul.

27 Fez chover sobre eles carne como torrões
e aves tão numerosas como as areias do mar.

28 Fê-las cair no meio do seu acampamento,
à volta das suas tendas de habitação.

29 Comeram até ficarem bem saciados,
e concedeu-lhes tudo conforme os seus desejos.

30 Quando mal tinham saciado o seu apetite
e tinham ainda a comida na boca,

31 a ira de Deus ergueu-se sobre eles;
semeou a morte entre os mais fortes
e fez vergar os escolhidos de Israel.

32 Apesar de tudo isto, voltaram a pecar uma vez mais
e não acreditaram nas suas maravilhas.

33 Por isso, Ele extinguiu os seus dias como um sopro
e os seus anos, como uma miragem.

34 Quando os feria de morte, então eles procuravam-no
e de novo se voltavam para Deus.

35 Lembravam-se então que Deus era o seu rochedo
e o Altíssimo, o seu redentor.

36 Mas, enquanto o lisonjeavam com a sua boca,
a sua língua proferia mentiras contra Ele.

37 O seu coração não era firme para com Ele,
e eles não eram fiéis à sua aliança.

38 Mas Ele é misericordioso:
perdoava o pecado e não os destruía.

Muitas vezes conteve a sua ira
e não deixou desencadear todo o seu furor.

39 Lembrou-se de que eles eram seres de carne,
um sopro que vai e não volta mais.

40 Quantas vezes o provocaram no deserto
e lhe causaram desgosto na estepe!

41 Voltaram continuamente a pôr Deus à prova,
a provocar o Santo de Israel.

42 Não se lembraram de que foi a sua mão
que, um dia, os libertou da angústia,

43 quando, no Egito, realizou os seus prodígios
e as suas maravilhas nas planícies de Soan;

44 quando converteu em sangue os seus rios e canais,
para que não tivessem que beber.

45 Mandou contra eles moscas que os molestavam,
e rãs que os infestavam.

46 Entregou as suas colheitas aos insetos
e o fruto do seu esforço aos gafanhotos.

47 Destruiu as suas vinhas com o granizo
e os seus sicómoros com a geada.

48 Cercou o seu gado com granizo
e os seus rebanhos com os raios.

49 Enviou contra eles a sua ira,
a indignação, o furor e a aflição,
embaixada de mensageiros da desgraça.

50 Deu livre curso à sua ira;
não os poupou à morte,
mas entregou as suas vidas à peste.

51 Feriu todos os primogénitos no Egito,
as primícias do seu vigor nas tendas de Cam.

52 Encaminhou o seu povo como ovelhas
e conduziu-os como um rebanho no deserto.

53 Guiou-os em segurança e não tiveram medo,
enquanto o mar encobria os seus inimigos.

54 Introduziu-os no seu território sagrado,
aquela montanha que a sua direita conquistou.

55 Desalojou povos da sua frente,
distribuiu entre eles a herança por medida
e nas suas tendas instalou as tribos de Israel.

56 Mas eles puseram à prova o Deus Altíssimo
e revoltaram-se; não cumpriram os seus preceitos.

57 Afastaram-se e atraiçoaram como os seus pais,
desviaram-se como um arco sem força.

58 Irritaram-no em seus lugares altos,
provocaram-lhe ciúmes com os seus ídolos.

59 Deus ouviu isto e indignou-se
e repudiou profundamente Israel.

60 Abandonou o santuário de Silo,
a tenda que Ele armou entre os homens.

61 Colocou a sua fortaleza em cativeiro
e o seu esplendor na mão dos inimigos.

62 Cercou o seu povo à espada,
irritou-se contra a sua herança.

63 Os seus jovens, devorou-os o fogo,
e as suas virgens não tiveram cântico nupcial.

64 Os seus sacerdotes tombaram à espada,
e as suas viúvas não choraram a sua morte.

65 Mas o Senhor despertou como de um sono,
qual guerreiro adormecido pelo vinho.

66 Atacou e fez retroceder os seus inimigos;
cobriu-os de ignomínia para sempre.

67 Assim repudiou a tenda de José
e não escolheu a tribo de Efraim.

68 Escolheu antes a tribo de Judá,
o monte de Sião que Ele amou.

69 Construiu o seu santuário como os altos céus
e como a terra que Ele firmou para sempre.

70 Escolheu o seu servo David,
e foi buscá-lo ao meio do redil.

71 Retirou-o de andar atrás das ovelhas,
para ser pastor de Jacob, seu povo,
e de Israel, sua herança.

72 E ele apascentou-os com a retidão do seu coração
e com a prudência das suas mãos os conduziu.

Significado e Interpretação

O Salmo 78 é um Salmo histórico que se alonga sobre o significado do passado de Israel, segundo o modelo sapiencial. O convite a prestar bem atenção, feito logo ao início, é um sinal claro deste gosto sapiencial. Relata a história passada com a grandeza dos prodígios de Deus, a marcar as etapas decisivas da vida do povo, e os pontos baixos do comportamento do mesmo povo, que se revolta e desobedece às diretivas vindas da parte de Deus como as lutas e problemas ocorridos entre as várias tribos dos hebreus, analisar e sintetizando a história de Israel.

O território da terra prometida é identificado como se fosse uma única montanha. O significado desta identificação é múltiplo: os hebreus identificavam-se sobretudo com a parte montanhosa da Palestina; a montanha de Sião era simbolicamente o coração da terra e a montanha é sempre a metáfora preferida para morada simbólica de Deus.

Os Salmos Sapienciais são livros da Sagrada Escritura (Libri Sapientiales) que contêm, sobretudo, sentenças morais do antigo Israel - Provérbios, Jó, Qohélet (Eclesiastes), Sirácida (Eclesiástico), Cântico dos Cânticos, Sabedoria. Estas orações estão recheadas de inspiração e sabedoria antigas, de experiências de vida e da História dos povos. Analisam o comportamento humano, as opções éticas e as suas consequências, e a procura do sentido da vida e da morte para cada um de nós e enquanto sociedade.

Vários temas são abordados nestes Salmos como a justiça / injustiça; pecador / justo; sensatez / insensatez; mal / bem; fidelidade / infidelidade; a honra ou a falta dela, a virtude que existe na prudência no falar, no ser justo, no saber ser rico. A existência de Deus nunca é questionada. Ele é Criador, Senhor, Juiz, Sábio.

Os Salmos Sapienciais também são entendidos como uma orientação para que cada um possa meditar sobre as questões do seu dia a dia e dos mistérios da vida. O Salmista serve-se das experiências, próprias e alheias, para discernir o caminho a tomar com base nos princípios morais corretos. Baseiam-se no pressuposto de que o que fazemos neste mundo, pagamos nesta vida. O estilo sapiencial aparece nos Sl 1; 14; 34; 36; 37; 39; 49; 53; 73; 74.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.