Salmo 55 - Oração a Deus de um Perseguido

[Nova versão Internacional] O Salmo 55 pertence ao Livro II do Livro dos Salmos. Nesta oração, o Salmista fala do desgosto e da mágoa provocados pela traição e pede ajuda a Deus para ter a coragem para enfrentar quem lhe causa tanta angústia.

O Salmo 55 pertence ao Livro II do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro II engloba os Salmos 42 a 72. O Salmo 55 está dividido em 24 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida. 

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 55 - Oração de um Perseguido

1 Ao diretor. Com instrumentos de corda.
Poema de David.

2 Dá ouvidos, ó Deus, à minha oração;
não te escondas perante a minha súplica.

3 Presta-me atenção e responde-me;
estou atormentado na minha angústia.

4 Perturbo-me com a voz do inimigo
e perante a opressão dos malfeitores.
Eles fazem cair a desgraça sobre mim
e perseguem-me com furor.

5 O coração aperta-se no meu peito,
e os terrores da morte caem sobre mim.

6 O medo e o tremor apoderam-se de mim;
o pavor cobre-me por completo.

7 E exclamo: "Quem me dera ter asas como a pomba;
poderia voar e encontrar abrigo".

8 Sim, fugiria para bem longe
e habitaria no deserto.
Pausa

9 Apressava-me em buscar um refúgio para mim,
contra a fúria do vento e a tempestade.

10 Confunde-os, Senhor, divide as suas línguas,
pois vi muita violência e discórdia na cidade.

11 Dia e noite fazem ronda por cima das muralhas,
e dentro da cidade reina o crime e a intriga.

12 Dentro dela é só calamidades;
opressão e fraude não desaparecem das suas ruas.

13 Se um adversário me ofendesse, eu suportaria;
se um inimigo se erguesse contra mim,
eu escondia-me dele.

14 Mas não tu, um ser humano tal como eu,
meu amigo e confidente!

15 Nós que juntos partilhámos agradáveis segredos
e animados caminhámos para a casa de Deus!

16 Que a morte caia sobre eles,
e vivos desçam ao mundo inferior,
pois só maldades se alojam no seu interior.

17 Quanto a mim, dirijo a Deus o meu apelo;
e o Senhor me salvará.

18 À tarde, de manhã e ao meio dia,
eu lamento-me e suspiro;
e Ele escuta a minha voz.

19 Resgatou a minha alma, pondo-me em paz;
e aproximou-se de mim,
porque contra mim eles eram muitos.

20 Deus escuta-me e há de retribuir-lhes,
pois é Ele que reina desde o princípio.
Pausa

Eles não dão sinais de emenda
nem têm temor de Deus.

21 Levantam a mão contra os próprios aliados
e violam a aliança que fizeram.

22 De boca são mais brandos que manteiga,
mas têm guerra no seu coração.
As suas palavras são mais suaves que o azeite;
mas, afinal, são espadas desembainhadas.

23 Entrega ao Senhor os teus cuidados e Ele te apoiará;
Ele jamais permite que o justo venha a sucumbir.

24 E Tu, ó Deus, hás de precipitá-los no abismo da perdição.
Gente de sangue e de mentira não vive metade dos seus dias.
Eu, porém, confio em ti.

Significado e Interpretação

O Salmo 55 é uma oração individual de súplica. O Salmista queixa-se de um desgosto que o aflige, e sente vontade de escapar, fugindo para o deserto. O sofrimento de que se queixa parece dever-se à traição de um amigo muito próximo, envolvido num ambiente de grandes desavenças na cidade.

Ao longo do Salmo, para além de afirmar a sua confiança em Deus, fala das consequências e aprendizagens morais da sua dolorosa experiência. A Deus, pede coragem e confiança para ultrapassar com coragem a mágoa que o aflige.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.