Salmo 22 - A Paixão do Justo e Suplica a Deus

[Nova versão Internacional] O Salmo 22 pertence ao Livro I do Livro dos Salmos e mostra um Salmista em desespero que pede o auxílio de Deus. Este Salmo é a expressão máxima de uma profunda vivência religiosa do sofrimento.

O Salmo 22 pertence ao Livro I do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro I engloba os Salmos 1 a 41. O Salmo 22 está dividido em 32 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida. 

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 22 - A Paixão do Justo

1 Ao diretor. Pela melodia “A corça da aurora”. Salmo de David.

2 Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?
As palavras do meu lamento ficam longe da minha salvação!

3 Meu Deus, clamo de dia e não respondes;
de noite, e não tenho descanso.

4 Mas Tu és o Santo e estás sentado no trono,
por entre os louvores de Israel.

5 Em ti confiaram os nossos pais;
confiaram e Tu os libertaste.

6 A ti clamaram e Tu os livraste;
confiaram em ti e não ficaram desiludidos.

7 Eu, porém, sou um verme e não um homem,
vergonha dos humanos e desprezo da plebe.

8 Todos os que me veem escarnecem de mim,
abrem a boca e abanam a cabeça.

9 "Recorreu ao Senhor, Ele que o livre;
Ele que o liberte, se lhe quer tanto bem".

10 Na verdade, Tu me tiraste do ventre materno
e me confiaste aos seios da minha mãe.

11 Desde o nascimento fui entregue aos teus cuidados,
desde o ventre da minha mãe Tu és meu Deus.

12 Não te afastes de mim, que a aflição está perto
e não há quem me ajude.

13 Estou cercado por touros ferozes,
os mais fortes de Basan encurralaram-me.

14 Escancaram contra mim as suas fauces,
como leão que despedaça e ruge.

15 Fui derramado como água;
e todos os meus ossos se desconjuntaram.

O meu coração está como cera,
a derreter-se no meio das minhas entranhas.

16 Como uma telha, a minha garganta está seca,
e a minha língua, colada ao céu da boca;
a morte reduziu-me a pó.

17 Estou cercado por matilhas de cães,
rodeia-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés;

18 podem-se contar todos os meus ossos.
Eles observam e olham para mim.

19 Repartem entre si as minhas roupas
e tiram à sorte a minha túnica.

20 Mas Tu, Senhor, não fiques longe!
És a minha força. Vem depressa em meu socorro.

21 Livra a minha alma da espada
e das garras dos cães, a minha única vida.

22 Salva-me da boca do leão
e dos chifres do búfalo. Responde-me!

23 Quero anunciar o teu nome aos meus irmãos;
no meio da assembleia te louvarei.

24 Vós que temeis o Senhor, louvai-o!
Glorificai-o, vós todos, descendentes de Jacob.
Reverenciai-o, vós todos, descendentes de Israel.

25 Pois não mostrou desprezo nem repugnância
para com o pobre desgraçado.

Não desviou dele a sua face,
mas ouviu-o, quando este lhe pediu socorro.

26 Por ti multiplicarei o meu louvor na grande assembleia;
cumprirei os meus votos na presença dos que o temem.

27 Os pobres comerão e ficarão saciados;
e louvarão o Senhor os que o procuram.
"Viva para sempre o vosso coração!".

28 Hão de lembrar-se e voltarão para o Senhor
todos os confins da terra.

E hão de prostrar-se diante dele
todas as famílias de povos.

29 Pois ao Senhor pertence a realeza;
é Ele quem governa as nações.

30 E perante Ele se prostrarão todos os grandes da terra;
diante dele se inclinarão todos os que descem ao pó.
E se estes já não vivem,

31 os descendentes hão de servi-lo.
E assim se falará do Senhor à geração que há de vir.

32 E anunciarão a sua justiça
a um povo que há de nascer,
dizendo: "Foi Ele quem o fez".

Significado e Interpretação

O Salmo 22 é uma oração individual de súplica. O estado de sofrimento é descrito em pormenor fazendo deste Salmo a expressão máxima de uma profunda vivência religiosa do sofrimento.

As primeiras palavras da oração são colocadas na boca de Jesus no relato evangélico da paixão (Mt 27,46; Mc 15,34). Outras passagens do mesmo aparecem noutros passos da narração da paixão de Jesus (Mt 27,35.43.46). Para os especialistas, isto mostra que os autores do Novo Testamento se serviram deste Salmo para definir a cristologia, ou seja, a função messiânica de Cristo.

O cristianismo fez deste Salmo um texto intensamente messiânico, valorizando a ideia do sofrimento de uma forma que não era tão evidente anteriormente.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.