Salmo 44 - Súplica do Povo pela Graça de Deus

[Nova versão Internacional] O Salmo 44 pertence ao Livro II do Livro dos Salmos. Nesta oração de queixa e abandono, o Salmista pede a Deus que zele, novamente, pelo seu povo e que o proteja contra a opressão dos inimigos.

O Salmo 44 pertence ao Livro II do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro II engloba os Salmos 42 a 72. O Salmo 44 está dividido em 27 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida. 

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 44 - Súplica do Povo

1 Ao diretor. Para os filhos de Coré. Poema.

2 Com os nossos ouvidos ouvimos, ó Deus!
Os nossos antepassados nos contaram
os prodígios que fizeste nos seus dias,
nos dias de antigamente.

3 Com a tua mão, expulsaste povos e castigaste nações;
e assim plantaste nesta terra os nossos pais
e aqui os fizeste crescer.

4 Não foi pela sua espada que conquistaram a terra,
nem foi o seu braço que lhes deu a vitória.
Foi a tua mão direita e o teu braço
e a luz do teu rosto, porque os amavas.

5 Tu és o meu rei, ó Deus.
Decreta a vitória para o povo de Jacob.

6 Contigo atacaremos os nossos adversários;
pelo teu nome calcaremos aos pés os nossos inimigos.

7 Não é no meu arco que eu tenho confiança,
nem é a minha espada que me salvará.

8 Pois Tu é que nos salvaste dos nossos inimigos
e cobriste de vergonha os que nos odiavam.

9 A toda a hora te louvámos, ó Deus,
e havemos de celebrar o teu nome para sempre.

10 Porém, Tu nos rejeitaste e deixaste envergonhados
e já não sais com os nossos exércitos.

11 Fazes-nos retroceder diante dos inimigos,
e os que nos odeiam saquearam os nossos bens.

12 Entregaste-nos como ovelhas para abate
e dispersaste-nos por entre os povos.

13 Vendeste o teu povo por uma ninharia
e nem discutiste os preços deles.

14 Fizeste de nós o escárnio dos nossos vizinhos,
desprezo e zombaria dos que nos rodeiam.

15 Fizeste de nós um exemplo para os povos,
provocando o acenar de cabeça entre as nações.

16 Todo o dia tenho presente a minha desgraça,
e a vergonha me cobre o rosto,

17 com os gritos do que insulta e afronta,
à vista dos inimigos e opressores.

18 Tudo isto nos aconteceu, sem nos esquecermos de ti
nem violarmos a tua aliança.

19 O nosso coração não voltou atrás,
e os nossos passos não se desviaram do teu caminho.

20 Porém, Tu esmagaste-nos no terreno das feras,
e envolveste-nos em profunda escuridão.

21 Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus
e estendido as mãos para um deus estranho,

22 Deus teria certamente descoberto isso,
pois Ele conhece os recônditos do coração.

23 Por causa de ti, temos sido trucidados todo o dia
e tratados como ovelhas para abate.

24 Desperta, Senhor, porque dormes?
Levanta-te e não nos rejeites para sempre.

25 Porque escondes o teu rosto
e te esqueces da nossa miséria e tribulação?

26 A nossa alma está prostrada no pó,
e o nosso ventre pegado ao chão.

27 Levanta-te para nosso auxílio
e resgata-nos pela tua misericórdia.

Significado e Interpretação

O Salmo 44 é uma oração coletiva de súplica. Começa com um hino de louvor a Deus pelas maravilhas realizadas em favor dos antepassados (Versículos 2-9). Segue-se uma lamentação por causa de desgraças que deixaram toda a nação humilhada diante de outros povos (Versículos 10-17) e conclui com uma queixa do povo, por causa do abandono que tudo aquilo parecia significar da parte de Deus (Versículos 18-27).

A intensidade dos problemas coletivos que aqui se espelham faz pensar numa época de particular aperto e insegurança o que leva a que os especialistas liguem a origem deste Salmo à destruição de Jerusalém em 587. O mesmo acontece com os Salmos 74; 79; 80.

Este Salmo exprime o sofrimento moral e psicológico e a vergonha de todo um povo, por causa dos maus tratos que lhe são infligidos, por efeito das guerras. A entrega das ovelhas para o abate, a dispersão e exílio por terras estrangeiras e a venda do povo ao desbarato como escravos são metáforas que as práticas de guerra na antiguidade tornavam muito reais e frequentes.

O Salmista pede a Deus que abandone a sua espécie de adormecimento ou a atitude de rejeição e esquecimento, pedindo-Lhe que reconsidere e se volte de novo para o seu povo.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.