Salmo 94 - Confiança na Justiça de Deus, o Juiz do Mundo

[Nova versão Internacional] O Salmo 94 pertence ao Livro IV do Livro dos Salmos. Expressa a confiança inabalável na justiça exercida por Deus enquanto norma da organização das sociedades dos povos.

O Salmo 94 pertence ao Livro IV do Livro dos Salmos, que é composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro IV engloba os Salmos 90 a 106. O Salmo 94 está dividido em 23 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 94 - Deus, Juiz do Mundo

1 Ó Senhor, Deus justiceiro!
Deus justiceiro, manifesta-te!

2 Levanta-te, juiz da terra;
retribui aos soberbos a paga merecida.

3 Até quando os malfeitores, Senhor,
até quando os malfeitores triunfarão?

4 Todos os que praticam a iniquidade
vomitam palavras insolentes e vangloriam-se.

5 Eles esmagam o teu povo, Senhor,
e oprimem a tua herança.

6 Matam a viúva e o estrangeiro
e assassinam os órfãos.

7 Eles dizem: "O Senhor não vai ver;
o Deus de Jacob não se aperceberá!".

8 Compreendei isto, ó gente imbecil!
E vós, insensatos, quando ganhareis juízo?

9 Aquele que implantou o ouvido não ouviria?
Aquele que formou os olhos não haveria de ver?

10 Aquele que corrige os povos não castigaria?
Se é Ele que ensina aos humanos a sabedoria!

11 O Senhor conhece bem os pensamentos dos humanos
e sabe que eles são uma ilusão.

12 Feliz o homem a quem Tu corriges, Senhor,
e ensinas com a tua lei!

13 Assim terá descanso nos dias de aflição,
enquanto se abre a cova para o malfeitor.

14 Pois o Senhor não rejeita o seu povo
e não abandona a sua herança.

15 Voltará a haver equidade na justiça
e hão de segui-la todos os de coração reto.

16 Quem se levantará por mim contra os maus?
Quem resistirá por mim contra os que praticam o mal?

17 Se o Senhor não fosse o meu auxílio,
num instante a minha alma habitaria o silêncio.

18 Mal eu digo: "Os meus pés vacilam",
logo a tua misericórdia, Senhor, me ampara.

19 Quando crescem as preocupações dentro de mim,
os teus gestos de conforto deliciam a minha alma.

20 Poderá aliar-se contigo um tribunal iníquo,
que forja injustiças contra o direito?

21 Atentam contra a vida do justo
e condenam à morte o inocente.

22 Mas o Senhor é a minha fortaleza
e o meu Deus é o rochedo onde me refugio.

23 Fará recair sobre eles a sua iniquidade
e os destruirá com a sua própria maldade.
O Senhor, nosso Deus, os destruirá!

Significado e Interpretação

O Salmo 94 é uma oração individual de súplica. No entanto, a amplidão das situações de injustiça que aparecem lamentadas e a grande ressonância que, desde início, é atribuída à ação de Deus como vingador de todo o mal podem sugerir que se trate de uma súplica de interesse coletivo perante uma desgraça nacional.

A convicção essencial aqui expressa é claramente a de uma confiança inabalável em que a justiça, exercida por Deus, é a norma de convívio entre todos e a garantia da plena satisfação dos direitos de cada um.

O conceito de vingança tem na Bíblia a conotação forte de uma justiça devida que é aplicada diretamente e de forma eficaz por alguém a quem se reconhece o direito e o dever de a exercer. Essa função compete a alguém que para isso tem especiais relações de solidariedade para com o ofendido.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.