Salmo 77 - Meditação sobre o Passado

[Nova versão Internacional] O Salmo 77 pertence ao Livro III do Livro dos Salmos. Fala do aparente abandono de Deus, reforçando a fé e esperança na ação de Deus.

O Salmo 77 pertence ao Livro III do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro III engloba os Salmos 73 a 89. O Salmo 77 está dividido em 21 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida. 

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 77 - Meditação sobre o Passado

1 Ao diretor. Para Jedutun. De Asaf. Salmo.

2 A Deus ergo a minha voz e clamo;
a Deus ergo a minha voz, para que Ele me ouça.

3 No dia da minha angústia procurei o Senhor;
à noite, ergo as minhas mãos sem descanso,
e a minha alma recusa ser confortada.

4 Lembro-me de Deus e suspiro;
medito e o meu espírito desfalece.

5 Mantiveste abertos os meus olhos;
fiquei perturbado, sem nada dizer.

6 Pus-me a pensar nos tempos antigos,
nos anos do tempo passado.

7 De noite, relembro o meu cântico;
com o meu coração medito,
e o meu espírito põe-se à procura.

8 Será que o Senhor nos vai abandonar para sempre?
Não voltará mais a ser-nos favorável?

9 Acaso se esgotou para sempre a sua misericórdia,
retirando a promessa feita para gerações e gerações?

10 Ter-se-á Deus esquecido da compaixão,
ou terá fechado com a ira as suas entranhas?

11 Por isso eu digo: "A minha dor
é que a mão do Altíssimo tenha mudado assim".

12 Lembro-me dos prodígios do Senhor.
Sim. Lembro-me das tuas maravilhas de outrora.

13 Volto a pensar em todas as tuas obras
e medito nos teus prodígios.

14 Ó Deus, o teu caminho é de santidade.
Que outro deus é grande como o nosso Deus?

15 Tu és o Deus que realiza maravilhas;
manifestaste entre os povos o teu poder.

16 Com o teu braço resgataste o teu povo,
os filhos de Jacob e de José.

17 Viram-te as águas, ó Deus;
viram-te as águas e tremeram
e até os abismos do mar se agitaram.

18 As nuvens deixaram cair a chuva;
ressoou a voz das trovoadas,
e as tuas setas corriam para todo o lado.

19 O ruído do teu trovão ecoou pelo firmamento;
os relâmpagos iluminaram o mundo;
a terra agitou-se e estremeceu.

20 Pelo mar foi o teu caminho,
e o teu percurso, pelas águas caudalosas,
e as tuas pegadas não foram descobertas.

21 Conduziste o teu povo como um rebanho,
pela mão de Moisés e de Aarão.

Significado e Interpretação

O Salmo 77 é uma oração coletiva de súplica. O Salmo inicia com a referência aos gestos e atitudes de uma súplica dirigida a Deus.

Entretanto, surgem queixas e experiências que parecem traduzir a sensação de algum abandono por parte de Deus, tanto mais que o ponto de comparação são os prodígios dos tempos antigos que soam já demasiado distantes.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.