Salmo 40 - Ação de Graças e Súplica

[Nova versão Internacional] O Salmo 40 pertence ao Livro I do Livro dos Salmos. O Salmista fala das suas dores e afirma-se confiante na ajuda de Deus. "Tu és o meu auxílio e a minha libertação."

O Salmo 40 pertence ao Livro I do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro I engloba os Salmos 1 a 41. O Salmo 40 está dividido em 18 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida. 

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 40 - Ação de Graças e Súplica

1 Ao diretor. De David. Salmo.

2 Bem alto clamei ao Senhor;
Ele inclinou-se para mim e ouviu o meu clamor.

3 Retirou-me da cova fatal e de um charco de lodo;
colocou os meus pés sobre um rochedo
e deu firmeza aos meus passos.

4 Pôs na minha boca um cântico novo,
um cântico de louvor ao nosso Deus.

Ao verem isto, muitos hão de sentir temor de Deus
e hão de pôr a sua confiança no Senhor.

5 Feliz o homem que pôs no Senhor a sua segurança
e não se voltou para os idólatras,
que se extraviam na mentira.

6 Grandes coisas Tu fizeste, Senhor, meu Deus;
com os teus prodígios e desígnios em nosso favor,
ninguém se pode comparar a ti.

Quisera anunciá-los e proclamá-los,
mas são tantos que nem se podem contar.

7 Não te agradaram sacrifícios nem oblações,
mas formaste-me ouvidos para escutar
e não pediste holocaustos nem vítimas pelo pecado.

8 Então exclamei: "Eis-me aqui!".
É para mim o que está escrito no livro.

9 Fazer a tua vontade, ó meu Deus, é o que eu quero;
e a tua lei está dentro do meu coração.

10 Proclamei a justiça na grande assembleia;
Tu bem sabes, ó Senhor,
que eu não fiquei de boca fechada.

11 Não escondi, no fundo do meu coração, a tua justiça;
proclamei a tua fidelidade e salvação.

Não neguei a tua misericórdia e a tua lealdade,
diante da grande assembleia.

12 Não me recuses, Senhor, a tua compaixão;
que a tua misericórdia e a tua lealdade me protejam sempre.

13 Pois desgraças sem conta se acumularam sobre mim,
assediaram-me as minhas culpas e nem consigo ver;

são mais do que os cabelos da minha cabeça,
e o meu coração desfalece.

14 Senhor, digna-te libertar-me;
vem depressa em meu auxílio, ó Senhor.

15 Sejam cobertos de vergonha e de ignomínia
os que procuram tirar-me a vida.

Retrocedam e corem de vergonha
os que desejam a minha desgraça.

16 Fiquem desolados por causa da sua vergonha
aqueles que escarnecem de mim.

17 Alegrem-se e exultem em ti todos os que te procuram;
e os que desejam a tua salvação digam sempre:
"O Senhor é grande!".

18 Eu, porém, que sou pobre e desvalido,
o Senhor cuida de mim.

Tu és o meu auxílio e a minha libertação.
Ó meu Deus, não tardes!

Significado e Interpretação

O Salmo 40 é uma oração individual de ação de graças. A confiança com que pede ajuda para os problemas com os quais se confronta (Versículos 13-18) assenta essencialmente na gratidão que sente por outras ajudas recebidas de Deus em tempos passados (Versículos 2-12).

A parte final do Salmo (Versículos 14-18) aparece como texto completo de um outro Salmo, com o número 70. As metáforas da cova e do atoleiro são tradicionalmente equivalentes do mundo dos mortos. Em contrapartida, o rochedo é o lugar de resgate e de salvação, evitando o afogamento.

Os Versículos 7-9 deste Salmo exprimem uma hierarquia de valores religiosos em que os méritos do bom comportamento são classificados acima dos que se exprimem através do ritual litúrgico.

Os Salmos de Louvor são hinos endereçados, sobretudo, a Deus. Nesse sentido, a Bíblia dá continuidade à literatura litúrgica das religiões vizinhas e anteriores, onde os hinos são a forma mais habitual dos povos se dirigirem à divindade, sobretudo em contextos de maior solenidade. 

Estes Salmos tinham grande importância na vida dos heróis bíblicos. A pregação da palavra dos profetas ou o ensinamento da reflexão de sabedoria aparece estreitamente ligada à ação cultural do povo de Israel. Exprimem, de modo solene e simples, o reconhecimento do crente à presença eficaz do Deus que salva o seu povo, pois Ele é misericórdia que dura para sempre; é refúgio para os perigos da vida; é júbilo e alegria; é prosperidade que alimenta o seu povo; é luz nos momentos de trevas e salvação na Terra e na vida eterna.

Os textos do Livro dos Salmos oscilam ente grito e louvor, súplica e júbilo. Talvez os seus autores tenham compreendido que o Homem só pode exprimir perante Deus as suas súplicas, lamentos ou sede de vingança, se estiver embrenhado no espírito do louvor que canta a vida mais forte do que a morte. Talvez, para além do grito, do lamento ou da raiva, tenham percebido que o que move tais palavras nada mais é senão aquela força de vida que explode em louvor quando sai da violência ou quando atravessa a morte.

Estes hinos narram, assim, as grandezas ou benfeitorias e o agradecimento que daí decorre. Exemplos disso são os Sl 8; 19; 28; 33; 47; 65-66; 93; 96-100; 104-105; 111; 113; 117; 135; 146; 148-150. Os hinos também podem ser dirigidos ao rei, focando especialmente a cerimónia da entronização real, com toda a expectativa de intervenção divina para o bem-estar do povo e o ordenamento justo do mundo. Neste caso, os Salmos eram executados em festas da corte, na presença do rei, em comemorações por vitória sobre os inimigos, entre outros. Alguns exemplos são os Sl 2; 18; 20; 21; 27; 51; 60; 61.

Com o fim da monarquia, estes Salmos foram acentuando as conotações messiânicas, que já antes tinham implícitas. É o caso dos Sl 2; 18; 20-21; 45; 72; 89; 101; 110; 132; 144. São ainda considerados hinos os Salmos que celebram Jerusalém, que com o templo apresenta uma especial ligação a Deus. São os Sl 46; 48; 76; 84; 87; 122.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.