Salmo 18 - Aparição Divina e Triunfo do Justo

[Nova versão Internacional] O Salmo 18 pertence ao Livro I do Livro dos Salmos. Com 51 Versículos, relata as vicissitudes de David, a manifestação do poder de Deus no mundo dos Homens e profetiza um futuro justo com a graça de Deus.

O Salmo 18 pertence ao Livro I do Livro dos Salmos, composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro I engloba os Salmos 1 a 41. O Salmo 18 está dividido em 51 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida. 

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 18 - Aparição Divina e Triunfo

1 Ao diretor. Do servo do Senhor, David, o qual dirigiu ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o livrou da mão de todos os seus inimigos e da mão de Saul. Disse então David:

2 Eu te amo entranhadamente, ó Senhor, minha força!

3 Senhor, meu rochedo, fortaleza e proteção!
Ó meu Deus, abrigo onde me refugio,
meu escudo e força de salvação, meu baluarte de defesa!

4 Invoquei o Senhor que é digno de louvor
e fui salvo dos meus inimigos.

5 Cercaram-me as ondas da morte,
e as vagas destruidoras me aterrorizavam.

6 O abismo da morte envolvia-me em seus laços,
e as suas redes mortíferas alcançavam-me.

7 Na minha angústia invoquei o Senhor,
e para o meu Deus dirigi o meu grito.

Do seu santuário, Ele ouviu a minha voz;
o meu clamor junto dele chegou aos seus ouvidos.

8 Então a terra tremeu e foi sacudida;
as bases das montanhas estremeceram,
sacudidas pelo ardor da sua ira.

9 Subia fumo das suas narinas;
e da sua boca, um fogo devorador,
de onde saltavam carvões ardentes.

10 Ele inclinou os céus e desceu,
com densas nuvens debaixo dos seus pés.

11 Montado sobre um querubim, Ele voou,
transportado nas asas do vento.

12 Fez das trevas o seu véu;
águas profundas e nuvens densas
eram a tenda à sua volta.

13 Ao fulgor da sua presença,
as suas nuvens transformaram-se
em granizo e carvões acesos.

14 Dos céus, o Senhor fez trovejar,
o Altíssimo lançou a sua voz.

15 Desferiu as suas setas e dispersou os inimigos,
e pô-los em fuga com os relâmpagos.

16 Então ficaram à vista as profundezas do mar,
e revelaram-se os fundamentos do universo.

Tudo por causa das tuas ameaças, ó Senhor,
e pelo sopro impetuoso da tua ira.

17 Do alto, Deus estendeu a mão e agarrou-me;
retirou-me das águas caudalosas.

18 Livrou-me de inimigos poderosos,
que me odiavam e eram mais fortes do que eu.

19 Atacaram-me pela frente, no meu dia de desgraça,
mas o Senhor veio em meu auxílio.

20 Fez-me sair para um lugar espaçoso;
libertou-me, porque me quer bem.

21 O Senhor recompensou-me conforme a minha justiça,
retribuiu-me pela pureza das minhas mãos.

22 É que eu segui os caminhos do Senhor
e não me afastei do meu Deus como qualquer malfeitor.

23 Pois tinha os seus mandamentos diante de mim
e não afasto de mim os seus preceitos.

24 Tenho sido irrepreensível para com Ele,
resguardando-me de qualquer culpa.

25 E então o Senhor retribuiu-me conforme a minha justiça,
e a pureza das minhas mãos, diante dos seus olhos.

26 Tu mostras que és fiel com quem é fiel;
e és íntegro para quem é íntegro.

27 És leal para com os que te são leais
e por quem é astuto não te deixas enganar.

28 Pois Tu salvas o povo humilde,
mas rebaixas os de olhar altivo.

29 Senhor, Tu és a luz da minha candeia;
és o meu Deus, que ilumina as minhas trevas.

30 Contigo posso investir contra um exército;
com o meu Deus assaltarei muralhas.

31 O caminho de Deus é perfeito,
a palavra do Senhor é à prova de fogo.
Ele é o protetor para todos os que nele confiam.

32 Quem é Deus, a não ser o Senhor?
Quem é um rochedo, senão o nosso Deus?

33 Ele é o Deus que me reveste de coragem
e faz que o meu caminho seja direito.

34 Ele torna os meus pés ágeis como os das corças
e faz-me andar seguro pelas montanhas.

35 Ele adestrou minhas mãos para o combate
e os meus braços para manejar o arco de bronze.

36 Tu deste-me o teu escudo de salvação;
a tua direita sustentou-me,
e a tua bondade fez-me prosperar.

37 Deste largueza aos meus passos,
e os meus tornozelos não vacilaram.

38 Persegui os meus inimigos até os alcançar
e não retrocedi sem os ter derrotado.

39 Derrubei-os e não puderam levantar-se;
caíram debaixo dos meus pés.

40 Tu revestiste-me de força para o combate
e submeteste os adversários a meus pés.

41 Fizeste com que os inimigos me virassem as costas,
para eu poder exterminar os que me odeiam.

42 Gritaram por socorro: não houve quem acudisse;
invocaram o Senhor, mas Ele não lhes respondeu.

43 E eu dispersei-os como pó levado pelo vento;
calquei-os como lama dos caminhos.

44 Livraste-me das contendas de um povo
e colocaste-me à frente de nações;
povos que não conhecia prestaram-me vassalagem.

45 Mal me ouviam, logo me obedeciam.
Alguns estrangeiros procuravam os meus favores.

46 Outros estrangeiros fraquejavam
e saíam a tremer dos seus abrigos.

47 Viva o Senhor! Bendito seja o meu protetor!
Glorificado seja o Deus que é minha salvação.

48 Ele é o Deus que me concedeu vingança
e submeteu os povos ao meu poder.

49 Livrou-me dos meus inimigos,
ergueu-me acima dos meus adversários,
livrou-me do homem violento.

50 Por isso, te louvarei entre os povos, ó Senhor,
e cantarei hinos ao teu nome.

51 Ele concede grandes vitórias ao seu rei,
e mostra a sua fidelidade para com o seu ungido,
para com David e a sua descendência, para sempre.

Significado e Interpretação

O Salmo 18 é uma oração de ação de graças; o sofrimento do rei é expresso como as angústias da morte; Deus revela-se-lhe e socorre-o, tendo em consideração os seus méritos, concedendo-lhe o dom da realeza e das vitórias.

Na primeira parte do Salmo (Versículos 2-31), o Salmista refere os perigos a que David esteve exposto da parte de Saul e relata uma aparição ou revelação de Deus com grandes fenómenos naturais que revelam a dimensão do poder divino; na segunda parte (Versículos 32-51), lembra o triunfo de David sobre inimigos nacionais e estrangeiros e termina com a visão de um futuro garantido pela promessa messiânica.

Os Salmos de Louvor são hinos endereçados, sobretudo, a Deus. Nesse sentido, a Bíblia dá continuidade à literatura litúrgica das religiões vizinhas e anteriores, onde os hinos são a forma mais habitual dos povos se dirigirem à divindade, sobretudo em contextos de maior solenidade. 

Estes Salmos tinham grande importância na vida dos heróis bíblicos. A pregação da palavra dos profetas ou o ensinamento da reflexão de sabedoria aparece estreitamente ligada à ação cultural do povo de Israel. Exprimem, de modo solene e simples, o reconhecimento do crente à presença eficaz do Deus que salva o seu povo, pois Ele é misericórdia que dura para sempre; é refúgio para os perigos da vida; é júbilo e alegria; é prosperidade que alimenta o seu povo; é luz nos momentos de trevas e salvação na Terra e na vida eterna.

Os textos do Livro dos Salmos oscilam ente grito e louvor, súplica e júbilo. Talvez os seus autores tenham compreendido que o Homem só pode exprimir perante Deus as suas súplicas, lamentos ou sede de vingança, se estiver embrenhado no espírito do louvor que canta a vida mais forte do que a morte. Talvez, para além do grito, do lamento ou da raiva, tenham percebido que o que move tais palavras nada mais é senão aquela força de vida que explode em louvor quando sai da violência ou quando atravessa a morte.

Estes hinos narram, assim, as grandezas ou benfeitorias e o agradecimento que daí decorre. Exemplos disso são os Sl 8; 19; 28; 33; 47; 65-66; 93; 96-100; 104-105; 111; 113; 117; 135; 146; 148-150. Os hinos também podem ser dirigidos ao rei, focando especialmente a cerimónia da entronização real, com toda a expectativa de intervenção divina para o bem-estar do povo e o ordenamento justo do mundo. Neste caso, os Salmos eram executados em festas da corte, na presença do rei, em comemorações por vitória sobre os inimigos, entre outros. Alguns exemplos são os Sl 2; 18; 20; 21; 27; 51; 60; 61.

Com o fim da monarquia, estes Salmos foram acentuando as conotações messiânicas, que já antes tinham implícitas. É o caso dos Sl 2; 18; 20-21; 45; 72; 89; 101; 110; 132; 144. São ainda considerados hinos os Salmos que celebram Jerusalém, que com o templo apresenta uma especial ligação a Deus. São os Sl 46; 48; 76; 84; 87; 122.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.