Salmo 139 - A Sabedoria e o Mistério de Deus

[Nova versão Internacional] O Salmo 139 pertence ao Livro V do Livro dos Salmos. A total confiança e entrega aos desígnios de Deus como chave da felicidade e da vida em harmonia.

Salmo 139 pertence ao Livro V do Livro dos Salmos, que é composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro V engloba os Salmos 107 a 150. O Salmo 139 está dividido em 24 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 139 - A Sabedoria de Deus

1 Ao diretor. De David. Salmo.

Tu me examinaste, Senhor, e me conheces.

2 Tu sabes quando me sento e quando me levanto;
de longe, percebes os meus pensamentos.

3 Distingues o meu caminho e o meu descanso,
estás atento a todos os meus passos.

4 Pois ainda a palavra não está na minha língua,
já Tu, Senhor, a conheces por inteiro.

5 Tu me envolves por detrás e pela frente
e colocas sobre mim a tua mão.

6 É uma sabedoria demasiado profunda para mim,
tão sublime que não tenho capacidade para ela.

7 Para onde poderia eu ir, longe do teu espírito?
Para onde poderia fugir da tua presença?

8 Se subir até aos céus, Tu ali estás;
se me deito no mundo dos mortos, ali estás.

9 Se me erguer nas asas da aurora
e for viver para além do mar,

10 também ali a tua mão desceria sobre mim
e a tua direita me seguraria.

11 Se pedir à escuridão para me esconder
ou à luz para ser noite à minha volta,

12 para ti a escuridão não é escura
e a noite brilhará como o dia;
a escuridão é como a luz.

13 Pois Tu formaste as minhas entranhas,
teceste-me no ventre de minha mãe.

14 Dou-te graças, ó Altíssimo,
que me impressionas com tantas maravilhas;

são maravilhosas as tuas obras.
Tu conheces profundamente a minha alma.

15 Nenhum dos meus ossos estava escondido de ti,
quando estava a ser formado em segredo,
entretecido nas profundezas da terra.

16 Os teus olhos viram-me ainda em embrião;
os meus dias estavam descritos no teu livro.

Todos eles estavam modelados,
antes mesmo de um só deles existir.

17 Como são preciosos para mim os teus desígnios!
Como é profundo o seu sentido, ó Deus!

18 Se os contasse, seriam mais numerosos que a areia.
Despertei e ainda estou contigo!

19 Ó Deus, oxalá desses a morte ao malfeitor,
e os homens sanguinários se afastassem de mim!

20 Pois eles acusam-te sem motivo
e erguem-se contra ti sem ter razão.

21 Não haveria eu de odiar os que te odeiam, ó Senhor?
Não haveria de aborrecer os que se erguem contra ti?

22 Tenho por eles um ódio implacável,
e tornaram-se meus inimigos.

23 Examina-me, ó Deus, para conheceres o meu coração;
põe-me à prova para conheceres as minhas preocupações.

24 Vê se existe em mim algum rasto de ídolos
e conduz-me pelo caminho da eternidade.

Significado e Interpretação

O Salmo 139 é uma oração de súplica. No entanto, ele está construído segundo o modelo bem conhecido de uma reflexão sapiencial sobre a maneira como Deus governa e intervém na condução da vida humana.

O Salmista mostra-se particularmente sensível aos misteriosos caminhos e fases que a vida humana vai percorrendo e bem assim aos dramas e males que a assolam. A atitude sugerida está, mais uma vez, de acordo com aquela que a sabedoria sugere, ou seja, de total confiança e entrega, apesar do caráter inacessível dos mistérios implicados.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.