Salmo 118 - Cântico Triunfal de Ação de Graças

[Nova versão Internacional] O Salmo 118 pertence ao Livro V do Livro dos Salmos. Descreve o percurso ritual e renova o convite ao louvor a Deus.

Salmo 118 pertence ao Livro V do Livro dos Salmos, que é composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro V engloba os Salmos 107 a 150. O Salmo 118 está dividido em 29 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 118 - Cântico Triunfal de Ação de Graças

1 Louvai o Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.

2 Que o diga a casa de Israel:
"É eterna a sua misericórdia!".

3 Que o diga a casa de Aarão:
"É eterna a sua misericórdia!".

4 Que o digam os que temem o Senhor:
"É eterna a sua misericórdia!".

5 Do meio da angústia, clamei ao Senhor;
o Senhor respondeu, pondo-me a salvo.

6 O Senhor está comigo, nada temo.
Que mal me pode fazer o homem?

7 O Senhor está comigo para minha ajuda,
e eu hei de ver o fim dos meus inimigos.

8 É melhor refugiar-se no Senhor
do que confiar no homem.

9 É melhor refugiar-se no Senhor
do que confiar nos grandes.

10 Todos os povos me cercavam,
mas, em nome do Senhor, eu os enfrentei.

11 Voltaram de novo a cercar-me,
mas, em nome do Senhor, eu os enfrentei.

12 Cercavam-me como enxames de vespas;
a sua fúria crepitava como fogo entre os espinhos,
mas, em nome do Senhor, eu os enfrentei.

13 Empurraram-me com violência para cair,
mas o Senhor socorreu-me.

14 O Senhor é a minha força e o meu cântico de júbilo;
foi Ele a minha salvação.

15 Há vozes de alegria e de vitória
nas tendas dos justos:
"A direita do Senhor fez prodígios!

16 A direita do Senhor foi excelsa,
a direita do Senhor fez prodígios!".

17 Eu não hei de morrer. Vou viver
e vou contar as obras do Senhor.

18 O Senhor castigou-me com dureza,
mas não me entregou à morte.

19 Abri-me as portas da justiça;
quero entrar por elas e darei graças ao Senhor.

20 Esta é a porta que leva ao Senhor;
os justos entrarão por ela.

21 Eu te louvo, porque me respondeste
e foste para mim a salvação.

22 A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se a pedra angular.

23 Isto aconteceu da parte do Senhor;
é maravilhoso aos nossos olhos.

24 Este é o dia em que o Senhor atuou,
cantemos e alegremo-nos nele.

25 Por favor, Senhor, faz com que sejamos salvos!
Senhor, faz com que prosperemos, por favor!

26 Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor!
Da casa do Senhor, nós vos abençoamos.

27 O Senhor é Deus; Ele nos ilumina.
Entrançai ramagens de festa,
até aos ângulos do altar!

28 Tu és o meu Deus e eu te dou graças.
Tu és o meu Deus e te exaltarei.

29 Louvai o Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.

Significado e Interpretação

O Salmo 118 é uma oração coletiva de ação de graças e descreve o percurso ritual de modo bastante pormenorizado. Nos Versículos 1-18, o cenário situa-se fora do templo, com o desenvolvimento de uma procissão. Depois de ultrapassadas as portas da justiça (Versículos 19-20), é proclamada a ação de graças (Versículos 21-25), com uma explicação abreviada dos motivos.

No Versículo 22, o Salmista declara entusiasticamente que uma pedra rejeitada foi colocada por Deus como pedra angular. Segue-se a bênção (Versículos 26-27) e um solene convite final que renova o primeiro convite ao louvor com que o Salmo se iniciou.

Os Salmos de Louvor são hinos endereçados, sobretudo, a Deus. Nesse sentido, a Bíblia dá continuidade à literatura litúrgica das religiões vizinhas e anteriores, onde os hinos são a forma mais habitual dos povos se dirigirem à divindade, sobretudo em contextos de maior solenidade. 

Estes Salmos tinham grande importância na vida dos heróis bíblicos. A pregação da palavra dos profetas ou o ensinamento da reflexão de sabedoria aparece estreitamente ligada à ação cultural do povo de Israel. Exprimem, de modo solene e simples, o reconhecimento do crente à presença eficaz do Deus que salva o seu povo, pois Ele é misericórdia que dura para sempre; é refúgio para os perigos da vida; é júbilo e alegria; é prosperidade que alimenta o seu povo; é luz nos momentos de trevas e salvação na Terra e na vida eterna.

Os textos do Livro dos Salmos oscilam ente grito e louvor, súplica e júbilo. Talvez os seus autores tenham compreendido que o Homem só pode exprimir perante Deus as suas súplicas, lamentos ou sede de vingança, se estiver embrenhado no espírito do louvor que canta a vida mais forte do que a morte. Talvez, para além do grito, do lamento ou da raiva, tenham percebido que o que move tais palavras nada mais é senão aquela força de vida que explode em louvor quando sai da violência ou quando atravessa a morte.

Estes hinos narram, assim, as grandezas ou benfeitorias e o agradecimento que daí decorre. Exemplos disso são os Sl 8; 19; 28; 33; 47; 65-66; 93; 96-100; 104-105; 111; 113; 117; 135; 146; 148-150. Os hinos também podem ser dirigidos ao rei, focando especialmente a cerimónia da entronização real, com toda a expectativa de intervenção divina para o bem-estar do povo e o ordenamento justo do mundo. Neste caso, os Salmos eram executados em festas da corte, na presença do rei, em comemorações por vitória sobre os inimigos, entre outros. Alguns exemplos são os Sl 2; 18; 20; 21; 27; 51; 60; 61.

Com o fim da monarquia, estes Salmos foram acentuando as conotações messiânicas, que já antes tinham implícitas. É o caso dos Sl 2; 18; 20-21; 45; 72; 89; 101; 110; 132; 144. São ainda considerados hinos os Salmos que celebram Jerusalém, que com o templo apresenta uma especial ligação a Deus. São os Sl 46; 48; 76; 84; 87; 122.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.