Salmo 102 - Oração a Deus de um Aflito

[Nova versão Internacional] O Salmo 102 pertence ao Livro IV do Livro dos Salmos. Refere-se à eternidade de Deus e expressa as experiências e preocupações tanto de um indivíduo como as de todo o povo.

O Salmo 102 pertence ao Livro IV do Livro dos Salmos, que é composto por uma coleção de 150 textos poéticos organizados por 5 Livros. O Livro dos Salmos, pela sua sabedoria e princípios básicos da ação do Homem, é considerado o coração do Antigo Testamento. O Livro IV engloba os Salmos 90 a 106. O Salmo 102 está dividido em 29 Versículos.

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Estas orações, representam as vivências humanas e a consciência religiosa. Retratam o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças e, ainda hoje, nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nestes textos rezar e suplicar a Deus quando nos sentimos perdidos e angustiados ou para expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

"Há inimigos ou amigos, há a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a dor ou a alegria e, a maior parte das vezes, não há cambiantes ou gradações. As palavras são como pedras e as poesias como penedos esculpidos a cinzel"; "Os Salmos são um pouco como os carreiros da montanha, simples, especialmente quando se caminha sobre a neve, mas que conduzem aos cumes; são carreiros em direção aos cumes do encontro com o Senhor." - Carlo Maria Martini, cardeal de Milão

Salmo 102 - Oração a Deus de um Aflito

1 Oração de um aflito que, a desfalecer, expôs diante do Senhor o seu lamento.

2 Senhor, escuta a minha oração,
e chegue junto de ti o meu clamor!

3 Não escondas de mim o teu rosto,
no dia em que eu estiver em aflição.

Inclina para mim o teu ouvido;
no dia em que eu gritar, responde-me depressa!

4 Pois os meus dias se desvanecem como fumo,
e os meus ossos ardem como um braseiro.

5 Como erva cortada, o meu coração está ressequido;
até me esqueço de comer o meu pão.

6 De tanto gritar e gemer,
os meus ossos colaram-se-me à carne.

7 Estou parecido com um mocho do deserto,
sou como uma coruja das ruínas.

8 Não consigo dormir e assim fico
como um pássaro solitário no telhado.

9 Os meus inimigos insultam-me todo o dia,
os que me louvavam amaldiçoam-me.

10 Em vez de pão, tenho comido cinza;
e misturo a minha bebida com lágrimas.

11 Foi por causa da tua indignação e do teu furor,
pois levaste-me ao alto e a seguir deitaste-me fora.

12 Meus dias são como sombra que se prolonga,
e eu vou secando tal como a erva.

13 Tu, porém, Senhor, permaneces para sempre,
e a tua memória por todas as gerações.

14 Levanta-te e tem compaixão de Sião;
é tempo de lhe perdoares, chegou a hora.

15 Os teus servos querem muito às suas pedras
e têm pena das suas ruínas.

16 Os povos hão de temer o nome do Senhor,
e os reis da terra a tua glória.

17 Quando o Senhor tiver reconstruído Sião
e se manifestar na sua glória,

18 há de voltar-se para a oração do indigente
e não desprezará as suas súplicas.

19 Que isto fique escrito para a geração futura,
e os que ainda hão de nascer louvarão o Senhor.

20 Pois o Senhor observa do alto do seu santuário,
lá do céu fixa os olhos na terra,

21 para escutar os gemidos dos prisioneiros
e abrir as portas aos que estão condenados a morrer;

22 para anunciar em Sião o nome do Senhor
e o seu louvor em Jerusalém,

23 quando se reunirem os povos e os reinos,
para juntos servirem o Senhor.

24 Ele esgotou-me as forças no caminho
e abreviou os meus dias.

25 E eu disse: "Não me leves, meu Deus, a meio dos meus dias!".
Os teus anos duram por todas as gerações.

26 Ao princípio, assentaste os fundamentos da terra
e os céus são obra das tuas mãos.

27 Eles perecerão, mas Tu permanecerás;
como um tecido, todos se desgastam.
Como se muda de vestido Tu os mudarás e desaparecerão.

28 Tu, porém, és o mesmo;
os teus anos não acabarão.

29 Os filhos dos teus servos terão onde viver,
e os seus descendentes estarão firmes diante de ti.

Significado e Interpretação

O Salmo 102 é uma oração de súplica individual em espírito de penitência. No entanto, os Versículos 13-23 representam uma súplica coletiva preocupada com o destino de Sião. Assim, este Salmo pode representar tanto experiências e preocupações de um indivíduo como as de todo o povo. Reúne, como muitos outros Salmos, múltiplos sentidos e épocas da história de Israel.

A doença grave que atinge os ossos é uma metáfora bem expressiva do extremo sofrimento a que o Salmista está sujeito. A eternidade de Deus é uma referência que na consciência do homem bíblico serve de comparação e contraste com a brevidade da vida humana. Este olhar comparativo parece também implicar algum desejo de beneficiar ou participar nessa eternidade.

Os Salmos de Súplica estão muito presentes no Livro dos Salmos. Falam da fragilidade humana e dos sentimentos mais básicos da sua condição mortal. Os tempos de paz e abundância contrastam com a guerra e a destruição individual ou da comunidade. O Salmista suplica pelo auxílio de Deus e pede-lhe que termine com a sua situação de aflição, terminando com a certeza de ter sido escutado.

Na prática espiritual, a súplica e o pedido a Deus reflete muito o sentido da oração sendo a forma privilegiada de estabelecer o contacto e elevar a voz ao Divino. Em numerosos Salmos, a súplica parece ser a motivação mais imediata e a maior preocupação. Ao dirigir-se a Deus, o orador / Salmista encontra a ternura, a justiça, a compaixão, a reconciliação, a purificação, enfim, a própria pacificação.

As narrativas e sentimentos envolvidos nestas orações são variados e básicos; afetam a Humanidade ao longo dos milénios, sendo ainda hoje atuais. Refletem multiplas vivências interiores, individuais e coletivas, e de relacionamento entre as pessoas e os povos. Abordam temas como a ameaça mortal da doença, a perseguição, o envelhecimento, a violência, a guerra, a traição, a solidão, a agressão dos inimigos e como estes sentimentos alteram a consciência que temos de nós mesmos, da relação com os outros e com Deus. 

As situações que motivam a súplica podem ser amargas e desesperadas, mas os Salmos exprimem, em geral, um estado de espírito de confiança e terminam em ação de graças. O Salmista clama por Deus, pela sua ajuda e perdão numa profunda expressão de uma confiança sem limites na compaixão e justiça divinas. O próprio grito do Salmista é já uma expressão de combate, de vontade de mudança, de transformação interior, de confiança e de esperança num futuro livre do mal, do sofrimento e dos ímpios.

Os Salmos de Súplica são classificados como súplica individual e súplica coletiva. Os de Súplica Individual compreendem os Sl 3; 5-7; 13; 17; 22; 26; 27; 28; 31; 35; 39; 42-43; 51; 54-57; 59; 61; 63; 64; 69-71; 88; 102; 109; 120; 130; 140-143. e os de Súplica Coletiva os Sl 12; 44; 58; 60; 74; 80; 83; 85; 90; 94; 108; 123; 127.

O Livro dos Salmos

A Alegria e Felicidade dos Justos em Comunhão com Deus

Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.

Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.

Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.

O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão.

O Poder da Oração no Diálogo com o Divino

Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.

Cada Salmo tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana. 

A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas. 

A pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.