O Quinto Livro dos Salmos abrange os SL 107 a 150 e encerra o Livro dos Salmos. Falam da confiança e da graça de Deus, das súplicas do Salmista e da comunidade à misericórdia e justiça de Deus e do código de conduta que deve reger o governo dos povos. Através de metáforas, paralelismos, repetições e outras técnicas de escrita, os autores do Livro dos Salmos retratam a essência mais básica das pessoas e dos povos, enquanto unidade coletiva.
Na vida humana surgem uma série de experiências de sofrimento, perseguição, desespero, violência e injustiça. Estas, tal como descritas nos Salmos à centenas de anos, ainda hoje marcam os indivíduos e as sociedades, moldando-as. Por isso, os temas relatados no Quinto Livro dos Salmos são intemporais e várias culturas rezam os Salmos com igual fé e devoção.
Índice
O Livros dos Salmos
O Livro dos Salmos é composto por uma coleção de 150 textos poéticos e está dividido em cinco partes, denominadas Livros ou Livretes Sálmicos. Cada Livro é encerrado com breves hinos de louvor a Deus. A divisão em cinco partes era considerada como tendo correspondência com os cinco livros de Moisés e presume-se que cada passagem do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Torá pelos Judeus), era lida em paralelo com o Salmo que lhe correspondia. As suas formas principais são lamentação, súplica, louvor e gratidão. Os cinco Livros são:
- Livro I - Salmos 1 a 41
- Livro II - Salmos 42 a 72
- Livro III - Salmos 73 a 89
- Livro IV - Salmos 90 a 106
- Livro V - Salmos 107 a 150
O nome de Salmos, dado aos cento e cinquenta cânticos litúrgicos, deriva do grego Psalmoi e foi cunhado para a tradução grega no séc. III a. C.. Antes disso, pode ter tido outros nomes em hebraico como Mizmorot, termo que significa "Cânticos". O título de de Tefillot, "Orações" poderia igualmente ter andado em uso. Tehillim, que significa "Louvores", foi o nome que acabou por se impor na Bíblia Hebraica.
A Palavra de Deus e Justiça entre os Homens de Paz
A reação das vítimas pode desencadear a violência da vingança e da agressão, perpetuando a cadeia do mal. O sofrimento provocado pela brutal experiência do mal (a perseguição do inimigo, a ameaça mortal da doença, a fragilidade da vida que se aproxima da morte, a desordem interior e relacional do pecado…) é o contexto para o crente/ salmista gritar por Deus, pedir socorro, compaixão, ajuda, perdão.
Da vulnerabilidade pessoal e dos povos, que experimenta o perigo da existência, nasce a transformação interior e a crença de que é possível renascer na confiança e na esperança da misericórdia de Deus. As súplicas que relatam violência e angústia são já um grito de libertação, um pedido de socorro e uma promessa de um futuro melhor na bondade de Deus.
O Quinto Livro dos Salmos
Os temas dos títulos do Quinto Livro dos Salmos são, sobretudo, testemunhos da glória de Deus. Suplicante, o Salmista acredita que a bondade de Deus se mostrará, por muito difíceis que sejam as circunstâncias e as injustiças cometidas pelos povos. A face de Deus mostra-se e isso transmite-se em fé e confiança. A sua ação é cheia de justiça e de misericórdia e serve de modelo de ação para reis e governantes. Por tudo isto, o Salmista não se cansa de cantar a glória de Deus na sua
- Salmo 107 - Deus Salva de Todos os Perigos
- Salmo 108 - Hino e Súplica
- Salmo 109 - Prece Contra os Inimigos
- Salmo 110 - Promessa de Deus ao seu Ungido
- Salmo 111 - Hino às Obras de Deus
- Salmo 112 - Elogio do Homem Honrado
- Salmo 113 - A Misericórdia de Deus
- Salmo 114 - Hino sobre a Saída do Egito
- Salmo 115 - Deus, Verdadeiro e Único
- Salmo 116 - Hino de Ação de Graças
- Salmo 117 - Convite para o Louvor ao Senhor
- Salmo 118 - Cântico Triunfal de Ação de Graças
- Salmo 119 - Grandeza e Mistério da Lei de Deus
- Salmo 120 - Súplica Contra os Maldizentes
- Salmo 121 - Deus, Auxílio e Proteção
- Salmo 122 - Cântico em Louvor de Jerusalém
- Salmo 123 - Oração de Confiança em Deus
- Salmo 124 - Libertação do Povo de Israel
- Salmo 125 - Confiança em Tempo de Opressão
- Salmo 126 - Cântico de Restauração
- Salmo 127 - A Providência Divina na Criação
- Salmo 128 - Bênçãos da Família e Graça de Deus
- Salmo 129 - Deus, o Libertador de Israel
- Salmo 130 - Cântico de Esperança em Deus
- Salmo 131 - Oração de Humilde Confiança
- Salmo 132 - Promessas de Deus a David
- Salmo 133 - A União Fraterna em Deus
- Salmo 134 - Convite ao Louvor de Deus
- Salmo 135 - As Maravilhas de Deus
- Salmo 136 - Hino de Ação de Graças
- Salmo 137 - Junto aos Rios da Babilónia
- Salmo 138 - Hino de Ação de Graças a Deus
- Salmo 139 - A Sabedoria e o Mistério de Deus
- Salmo 140 - A Ajuda de Deus Contra os Maus
- Salmo 141 - Súplica a Deus na Adversidade
- Salmo 142 - Oração de um Justo Perseguido
- Salmo 143 - Súplica a Deus na Aflição
- Salmo 144 - Ação de Graças pela Vitória
- Salmo 145 - Louvor ao Rei Providente
- Salmo 146 - Hino de Louvor ao Deus de Misericórdia
- Salmo 147 - Maravilhas de Deus por Israel
- Salmo 148 - Hino de Louvor do Universo
- Salmo 149 - Hino de Vitória e da Realeza de Deus
- Salmo 150 - Louvor Final a Deus
Quem Escreveu os Salmos?
A primeira coleção de Salmos, a mais antiga, é atribuída ao rei Davi (Salmos 3 a 41), antepassado de Jesus Cristo e governante mais carismático da nação de Israel. Outra coleção atribuída a este autor é constituída pelos Salmos 51 a 72, data em que se iniciou o exílio.
Os Salmos 42 a 49 são atribuídos aos filhos de Coré, levitas que serviam no templo e relatam a peregrinação, as derrotas. Na sua maioria, são anteriores à destruição de Jerusalém. O rei Salomão será o autor de, pelo menos, dois Salmos.
Os Salmos 73 a 83 são atribuídos aos filhos de Asaf, pai de Joá, e personagem citada na Bíblia do Antigo Testamento, sendo anteriores ao exílio. O Salmo 50, atribuído a Asaf, une-se à coleção davídica 3 a 41. Ainda assim, a autoria de muitos Salmos permanece desconhecida.
A Alegria de Viver em Comunhão com a Lei de Deus
Os Salmos são poemas-orações dirigidos a Deus, sendo a forma privilegiada de nos dirigirmos e falarmos com Ele. Retratando o homem comum, com as suas falhas, inseguranças, medos e esperanças, ainda hoje nos podemos identificar com o Salmista e inspirarmo-nos nos Salmos para fazer orações e súplicas a Deus em tempos de angústia ou expressar a nossa gratidão por alguma benção recebida.
Os Salmos, apesar de escritos na Antiguidade ainda hoje comovem, sensibilizam, despertam sentimentos, inspiram e encantam. Neles, podemos identificar angústias e alegrias, sentimentos profundamente humanos, louvores, suplicas, ensinamentos da reflexão da sabedoria espiritual e palavras proféticas.
Escritos para situações distintas, alguns Salmos são intimistas, revelando a relação pessoal do autor com Deus; outros apresentam orientações e conselhos para a vida, outros são composições para eventos litúrgicos específicos, como rituais e peregrinações.
O Poder da Oração
Os Salmos elevam os nossos pensamentos até ao Divino e a oração é o poder da palavra. A oração é a linguagem da fé. Qualquer pensamento, palavra ou imagem dirigido a Deus chama-se oração. É através dela que entramos em contacto com o nosso Deus interior e, por isso, é tão poderosa na transformação da vida. A oração pode produzir milagres, transformar o sonho em realidade, dá-nos a esperança da mudança, da harmonia e da paz connosco e com o mundo.
Cada Salmo, e o Quinto Livro dos Salmos reflete bem estes princípios, tem uma intenção que nos ajuda a meditar e a caminhar ao lado do nosso Deus. Para muitos teólogos, o Livro de Salmos tem um tom profético ou messiânico pois os seus versos referem-se à vinda de Cristo até ao mundo dos homens para os guiar através da incerteza e das dúvidas da existência Humana.
A oração tem o poder de nos ligar ao Universo Espiritual de modo pleno, honesto, sincero, consciente, com o propósito de autoproteção espiritual, proteção da família e daqueles que nos são queridos, para ter paz mental, espiritual e física, para obter prosperidade e êxito, proteger a saúde e as relações, afastar as energias negativas e, sobretudo, para nos ligar a algo maior do que nós. Desta paz, resulta bem estar, esperança e bondade perante todos e todas as coisas.
A fé pode mudar a nossa vida. Dá-nos tranquilidade e força espiritual para enfrentar os desafios. Ajuda-nos a meditar sobre a nossa missão de vida e a criar um ambiente equilibrado e saudável para nós e para aqueles que amamos. Quando orar, encha o seu coração de amor e determinação. Os Salmos irão guiá-lo por um caminho de paz e de comunhão com a energia superior.